O líder do PSD, deputado Rogério Rosso (DF), presidente da comissão especial encarregada de analisar na Câmara o pedido de impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff, garante que o colegiado atuará de forma isenta, com serenidade e assegurando o direito ao contraditório e à ampla defesa. Em entrevista coletiva nessa sexta-feira (18) no Salão Verde, ele estimou que um prazo entre 30 e 40 dias será razoável para a conclusão do processo.
Nascido no Rio de Janeiro e criado em Brasília, Rogério Rosso está em seu segundo mandato de deputado federal. Tem 47 anos, é advogado e músico. Foi governador do Distrito Federal, secretário da Agência de Desenvolvimento Econômico do DF, presidente da Companhia de Planejamento do DF e administrador da cidade de Ceilândia.
Em 2010, Rosso viveu o maior desafio de sua vida pública até agora: foi eleito, pela Câmara Legislativa, para governar o Distrito Federal no período crítico gerado pelo afastamento do então governador José Roberto Arruda (DEM), alvo da Operação Caixa de Pandora. Durante o seu mandato no Palácio do Buriti, Rosso conseguiu equilibrar as contas públicas e superar a turbulência que colocava em risco a autonomia política do Distrito Federal.
Veja a entrevista:
Como será o início dos trabalhos da comissão especial do impeachment? O que a comissão vai fazer até a presidente Dilma Rousseff apresentar a sua defesa?
Vamos usar o prazo de defesa da presidente para fazer sessões de esclarecimentos da parte técnica, jurídica, da parte política, com entidades. Aproveitaremos esse tempo para fazer o maior número possível de reuniões, de forma a garantir a ampla defesa e o contraditório, para que todos os fatos sejam colocados para os membros da comissão e a sociedade brasileira de uma forma clara.
Haverá sessões da comissão especial em todos os dias úteis da semana, inclusive às segundas-feiras e sextas-feiras?
Tenho essa ideia. Nesse fim de semana, trabalhamos na Câmara para propor essa agenda e validá-la com a comissão. A ideia é fazer o maior número possível de reuniões e debates, dada a complexidade do tema e a necessidade de respeitar a Constituição e de levar, ao Plenário da Câmara, um relatório substanciado em fatos.
A comissão vai avançar, ou haverá deputados tentando travar os trabalhos?
Vai avançar, esclarecer os fatos de forma transparente, realmente dar direito de defesa para as partes e ao mesmo tempo avançar, porque o País clama por uma resposta desta Casa.
Qual é a sua previsão de tempo para a conclusão da análise do impeachment?
Se falarmos entre 30 e 40 dias, é um prazo razoável.
Como membro da base governista, qual é o seu posicionamento na presidência desta comissão?
O PSD tem deputados da base, que votam com o governo, e deputados que não votam com o governo. Portanto, a minha posição, conhecida pela sociedade brasileira, é absolutamente de isenção, de aguardar os fatos, e assim termos todos uma posição em Plenário, trabalhando exatamente com base na Constituição.
O senhor tem vínculos com o presidente da Câmara?
O meu vínculo é com o povo brasileiro. O presidente Eduardo Cunha é o presidente da instituição Câmara dos Deputados, é o condutor dos trabalhos da Casa e precisamos respeitar essa condição. Aqui os representantes são do povo brasileiro, e não de A ou de B.
O senhor está com receio de alguma pressão?
Receio, não. É normal haver pressão. A repercussão [da indicação para presidir a comissão especial] nas redes sociais foi a maior da minha vida pública. Então, precisamos ter serenidade, somos seres humanos, temos os nossos limites e precisamos trabalhar com humildade, sempre foi assim que agi. O povo brasileiro quer do Congresso as respostas necessárias para o Brasil.
O seu partido, o PSD, continuará na base do governo?
O PSD tem deputados e senadores que votam com o governo e que não votam com o governo, então isso deve ser fruto de uma discussão de todos do partido, mas com certeza as discussões acontecerão.
(João Pitella Junior-Agência Câmara)
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