Abrigo para pessoas vulneráveis em ginásio de Manaus: sistema de saúde e funerário da cidade operam acima de sua capacidade e alarmam o país - Marcio James/Semcom

BRASÍLIA - O temido colapso do sistema de saúde por causa da covid-19 já é realidade em Manaus (AM) e está próximo de ocorrer em cidades de Pernambuco e Ceará, onde as unidades de terapia intensiva (UTIs) estão operando perto da capacidade máxima. No último dia 21, imagens de vítimas enterradas em valas comuns em cemitério da capital do Amazonas, cuja prefeitura teve que usar containers refrigerados para manter corpos até o sepultamento, assustaram os senadores e o Brasil.

- Cenário desolador no Amazonas... Já me coloquei à disposição do governo do estado para ajudar a enfrentar esse momento tão doloroso. Diferenças políticas e partidárias ficam em segundo plano nessa hora. O momento exige decisões rápidas, efetivas e capazes de conter essa desesperadora escalada da covid-19 no nosso Amazonas - disse o senador Eduardo Braga (MDB-AM) pelo Twitter.
Segundo Braga, é hora de "nos unirmos num único propósito, para evitarmos cenas como essas registradas na capital amazonense".
O apelo pela união em prol de medidas para socorrer a saúde amazonense contra a doença, cenário que promete se repetir em outros estados brasileiros, também foi feito pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM).
- Nesse momento de dor em que a covid-19 avança em Manaus, comunidades indígenas e cidades do interior, muitas críticas sobre a gestão da pandemia no Amazonas. Não é hora de apontar culpados. É hora de resolver. Os culpados - e são muitos - serão punidos logo adiante - disse Plínio Valério.
O senador Humberto Costa (PT-PE) demonstrou seu pesar pela situação crítica na cidade.
- É uma cena desoladora. Em Manaus, capital do Amazonas, o primeiro estado em que a rede de saúde entrou em colapso, as vítimas da covid-19 são enterradas num sistema de trincheira. Grandes valas comuns são abertas para receber cada uma delas, de uma só vez, uma dezena de caixões - afirmou, no Twitter.
Os enterros diários em Manaus antes da pandemia eram em torno de 30, e no último domingo superaram a centena. Além do colapso na saúde, as autoridades também precisarão lidar com a sobrecarga dos cemitérios.
Barbárie - O prefeito da capital amazonense, o ex-senador Arthur Virgílio (PSDB), afirmou à imprensa que a situação na capital está chegando ao "ponto da barbárie", quando os médicos precisarão escolher quem deve morrer ou tem mais chance de lutar pela vida.
Na cidade, faltam aparelhos de tomografia, profissionais treinados, equipamentos de proteção individual (EPIs) e remédios. Segundo a imprensa, o prefeito pedirá ajuda até mesmo ao G-20, o grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia, que juntos representam 90% do PIB mundial.
O problema é que a inexistência de estrutura adequada não é uma exclusividade do Amazonas. Em vídeo divulgado nas redes sociais, o senador Paulo Paim (PT-RS) lembrou do esgotamento da rede hospitalar pública, que já era deficitária antes mesmo da calamidade causada pelo coronavírus e cuja situação está próxima do caos. Estados como Pará, Ceará, Pernambuco, Amazonas e Rio de Janeiro já estão em alerta máximo, citou Paim.
- Os hospitais estão superlotados, há fila de espera, corredores cheios de pacientes. O número de internados em UTIs cresce todos os dias e rapidamente. As UTIs são muito poucas, faltam respiradores, faltam EPIs, faltam médicos, ou seja, a nossa estrutura é muito precária. As mortes, o número de contaminados estão aumentando, é uma triste realidade. Há quem diga que é 10 vezes mais que aquilo que estão informando. Por isso, nós já estamos vendo, infelizmente, acúmulo de corpos em corredores - afirmou. (Agência Senado)