“Eles não têm preconceito contra o nordestino rico, contra o negro rico. É contra os pobres, contra quem trabalha”. A frase foi dita por um nordestino, que nasceu pobre e se tornou presidente do Brasil. Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à revista Carta Capital, lamentou a declaração de Fernando Henrique Cardoso de que a população nordestina é pobre e desinformada.
Ofendido com o preconceito do ex-presidente, Lula acredita que Fernando Henrique não conhece a evolução política da classe mais pobre da sociedade. Para ele, essa evolução não é somente por conta dos programas sociais, que elevaram suas condições de vida. “É pela conquista da cidadania. Os brasileiros estão pensando mais”, afirmou.
Lula questiona como o governo do PSDB avalia seus próprios programas de governo em relação aos programas do PT. “Quando o governo financiava os estudos de um jovem no exterior antes do Ciência sem Fronteiras, tratava-se de uma bolsa aceita por todo o mundo, algo fantástico. Quando o governo cria uma bolsa para dar direito a crianças não morrerem de fome é assistencialismo, é retrocesso, é criar vagabundo”, avalia Lula. “Certamente, o ex-presidente ficou com a imagem do Brasil que ele governou”, disse Lula, ao lembrar que nos tempo de FHC, a população não tinha uma política de assistência e vivia à procura de trabalho.
Hoje, além do Bolsa Família, o governo do PT criou políticas públicas que beneficiaram diversos setores da sociedade. Como exemplo, Lula citou os pequenos produtores, com o crédito rural; e os microempreendedores, com a Lei Geral da Pequena e Média Empresa. Os benefícios, porém, não tiveram objetivo apenas assistencialista. Os programas sociais, de distribuição de renda e inclusão social, contribuíram para tiraram 36 milhões de pessoas da miséria, elevou outras 42 milhões à classe média.
Além disso, geraram milhões de empregos com carteira assinada e duplicaram o número de jovens no Ensino Superior. Lula falou sobre a expansão de crédito no país. Segundo ele, mais de 60 milhões de contas bancárias abertas. Uma recente pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), revelou que a oferta de crédito no país cresceu mais de 500%, entre 2004 e 2014.
“As pessoas passaram a entrar no banco para negociar empréstimo, não apenas para pagar conta de luz”, disse. Na reflexão de Lula, essas conquistas também beneficiaram a classe média. “Em vez de ficar constrangida quando se fala de política social, (a classe média) deveria entender que, ao receber algum recurso, o pobre gasta. Para comer, para vestir, esse dinheiro retorna para o mercado no dia seguinte e quem ganha é a loja, o shopping, a fábrica, o agricultor”.
Para dar outro exemplo, Lula citou o programa Luz para Todos. “Certa vez, discuti com um cidadão que reclamava porque o Luz para Todos era mais uma política do Lula para ajudar o pobre. Eu lembrei a ele que, quando a gente levava o Luz para Todos, o beneficiado ligava três lâmpadas, comprava uma geladeira, 80% deles compravam um televisor”, contou. O programa levou energia para 15 milhões de brasileiros e resultou na venda de quase 4 milhões de mercadorias. “Mas, infelizmente, há ainda quem prefira ver indigentes nas ruas em lugar de gente humilde consumindo”. (Aline Baeza, da Agência PT de Notícias)
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