“Michel Temer é homem de Eduardo Cunha e não o inverso. Quem sempre fez o serviço ‘prático’ para Temer, e ponha muitas aspas nessa palavra, sempre foi o Cunha e eles sabem muito bem do que estou falando. Temer, presidente da Câmara, dava todas as matérias com relevância econômica para Cunha relatar e a gente sabe como ele negociava”, denunciou o ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à presidência da República, no programa Mariana Godoy, da Rede TV, nessa sexta-feira (5).
Na opinião de Ciro Gomes, Temer está por trás do pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff aceito pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, porque ambos estão empenhados na tentativa, ilegítima, segundo ele, de afastar Dilma para Temer assumir – sem votos – a presidência da República. “Michel Temer é o capitão do golpe contra Dilma”, atacou Ciro, explicando que isto também seria uma saída para Cunha, “um ladrão”.
Ciro lembrou também que quando foi processado por Cunha exatamente por tê-lo chamado de “ladrão e quadrilheiro”, quando ambos exerciam mandatos na Câmara federal, Cunha chamou exatamente Temer para ser sua testemunha de defesa. “Hoje o Brasil inteiro sabe que eu tinha completa razão no que afirmei”, frisou Ciro que acrescentou, ao ser perguntado pela entrevistadora, como terminou esta ação: “A Justiça reconheceu o meu livre direito de manifestar minha opinião como deputado” e a ação foi arquivada.
Cobrado pelo fato de ter entrado e saído de seis partidos diferentes e agora estar no PDT, Ciro disse, de novo, que sua vida partidária “é uma tragédia”, mas que trocou de partidos para se manter coerente politicamente, ao longo de 36 anos de vida pública. “Mudei seis vezes de partido, mas nunca respondi a um inquérito sequer”, defendeu-se.
Ciro reiterou duros ataques à Cunha, observando de que ele deveria estar na cadeia e não à frente da Câmara, mas confia que a Justiça e o procurador Rodrigo Janot, do Ministério Público, ainda farão “o que precisam fazer” a respeito de Eduardo Cunha.
Depois de observar que “democracia é um regime de conquistas, de cidadania”, argumentou que governo ruim não é motivo para impeachment. Ele também criticou o Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior, ex-ministro de FHC, pelo pedido de impeachment que Cunha deferiu – tumultuando o país com a grave crise política que abriu. Lembrou inclusive que quando Fernando Henrique Cardoso era presidente, o PT entrou com um pedido de impeachment contra ele, mas Michel Temer, então presidente da Câmara – não o deferiu.
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