Carlos Gaby/Assimp
O Plenário da Câmara Municipal de Imperatriz aprovou indicação do vereador Hamilton Miranda (PP), líder do Governo, sobre realização de audiência pública com representantes da Suzano Papel e Celulose para que a empresa forneça explicações técnicas sobre o impacto ambiental da fábrica de processamento de eucalipto, a política ambiental da empresa, investimentos na área social, emissão de gases, o retorno das isenções fiscais e outros temas que serão apresentados pelos vereadores.
Da tribuna, Hamilton Miranda relatou que recebeu várias denúncias de pessoas que passaram mal, com ânsia de vômitos e dor de cabeça, por causa do mau cheiro exalado da fábrica da empresa no último final de semana que atingiu diversos setores da cidade.
“Eu mesmo fui uma das vítimas. Um mau cheiro muito forte me causou dor de cabeça. Muitas outras pessoas me relataram a mesma coisa”, declarou.
“De ontem até hoje não viu uma vírgula dessa empresa prestando conta com a população de Imperatriz e da região. Não vi uma nota nas redes sociais, no jornal, em canto nenhum. Que falta de respeito essa empresa está tendo com nossa cidade, que falta de respeito que tem um crime desse e essa empresa não dá uma satisfação ao povo de Imperatriz”, desabafou o vereador.
“Quero que a empresa explique a esta Casa o que realmente aconteceu”, cobrou. “A Suzano pensa que é intocável?”.
Críticas
Em apartes, outros vereadores fizeram duras críticas à política de relacionamento da Suzano com a sociedade, inclusive com o poder público.
“Tenho três indicações sobre questionamentos à empresa, notadamente a respeito da política de compensação social e nunca recebi resposta”, protestou Fábio Hernandez (PSC).
“Como vamos saber se esses gases não são prejudiciais à saúde? Pessoas já estão tendo problemas com a água do Tocantins, nos locais próximos à captação de água no rio. Precisamos tomar uma posição”, comentou João Silva (PRB).
Ricardo Seidel (Rede) ironizou: “Parece até que a Suzano tá recuperando o meio ambiente. Na visita que fizemos nos disseram que a água devolvida ao Tocantins era até mais limpa que a do rio. Ora, o que pensam que somos? Inocentes? Que descaso. E agora essa questão de emissão de gases que tornam o ar irrespirável”.
Rildo Amaral, do Solidariedade, cobrou mais uma vez resposta da empresa sobre a posição de não pagar imposto municipal decorrente da venda de energia excedente produzida pela indústria. “Dizem que não concordam com o imposto e desde setembro não pagam ao Município. Não concorda com o imposto, então que entre na Justiça, só a Justiça vai dizer se o imposto é constitucional ou não”, protestou.
Relatório
O presidente da Comissão de Meio Ambiente, Uso e Ocupação do Solo, Alberto Sousa (PDT), explicou que irá apresentar relatório sobre a visita técnica que fez à fábrica da Suzano, semana passada, acompanhado do vice-presidente da comissão, José Arimatheia Ditola (PEN).
“Recebemos várias explicações, mas temos questionamentos em muitos pontos. Visitamos a estação de captação e tratamento de água e o aterro sanitário da empresa”, informou.
Ditola informou que a comissão procurou a Uema para solicitar análise de amostras de água em locais próximos à captação e despejo da água supostamente tratada.
Ricardo Seidel sugeriu que o Município contrate consultoria independente para analisar todo o sistema de produção, a emissão de gases e o despejo de água utilizada na fábrica no rio Tocantins.
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