Hemerson Pinto
Após os transtornos vividos pelos imperatrizenses durante quatro dias na semana passada, por causa do rompimento de uma adutora de água tratada, deixando a cidade inteira sem abastecimento, na sessão de ontem o vereador Rildo Amaral apresentou requerimento para a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. O alvo da investigação é a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (CAEMA).
A CPI da Caema, como passou a ser chamado o processo investigativo, deverá apurar o que os vereadores consideram omissão de investimentos ao longo dos 39 de prestação de serviço da empresa, que tem contrato de 50 anos com o Município de Imperatriz. O documento que permite a companhia explorar o serviço de abastecimento de água potável foi assinado em 06 de julho de 1974 e tem validade até o ano de 2024.
“A Caema há muito tempo desrespeita o contrato com o Município de Imperatriz. Na semana passada, até cirurgias tiveram de ser adiadas pela falta de água. Mudou a rotina da cidade. Nos últimos dez anos a Caema investiu apenas R$ 600 mil, isso foi em 2007 no governo Jackson Lago. O objetivo da CPI é descobrir porque não se melhorou nem ampliou o sistema de abastecimento de água na cidade”, explicou o vereador Rildo Amaral. Reforçando, o vereador afirmou que os investimentos no setor podem nem alcançar um terço do que é arrecadado pelo Município.
A Comissão Parlamentar de Inquérito deverá ser composta por cinco vereadores. A presidência da Câmara tem o prazo de 90 dias para instaurar. Nos primeiros 30 dias a comissão deverá buscar informações relacionadas às cláusulas contratuais para em seguida passar a ouvir todos os envolvidos no processo de abastecimento de água na cidade.
Demonstrando apoio à CPI, o vereador Aurélio Gomes declarou que o momento é de bastante expectativa pelo início do processo. “Porque é preciso esclarecer a falta de água que acontece constantemente em Imperatriz e a população vive sofrendo. Quem ganha é o povo de Imperatriz, que depois disso vai ganhar uma melhor qualidade de serviço prestado”, falou, defendendo até mesmo uma possível municipalização do serviço.
Sem incluir o nome no requerimento para instauração da CPI, a vereadora Caetana justificou que o gesto não foi contrário à formação da comissão. “Só assino abaixo-assinado quando antes a gente discute o assunto junto à comissão ou pessoa que está encabeçando aquele abaixo-assinado. Sei da necessidade que há de fazer um trabalho para beneficiar o povo de Imperatriz, que vem sofrendo com a falta de água”, disse a vereadora, informando que o único contato dos vereadores com o requerimento foi durante a sessão de ontem.
Quem assinou o documento e depois pediu para tirar o nome foi a vereadora Teresinha Soares. A ação atrapalhada, segundo ela, foi um erro, pois garante que não percebeu que estava assinando a favor da CPI, mas outro documento que seria para indicar quais vereadores irão compor uma comissão para viajar até São Luís para discutir com o governo do Estado e a direção da Caema o problema de abastecimento de Imperatriz. O suposto documento citado pela vereadora sequer foi cogitado na Câmara. “Cometi um erro, assinei sem olhar o que realmente era, qualquer pessoa erra”, justifica a legisladora.
Na mesma sessão, Teresinha Soares apresentou uma indicação sugerindo ao Município e à Secretaria de Agricultura e Abastecimento a perfuração de poços artesianos nas principais praças públicas de Imperatriz. A maioria dos vereadores discutiu o assuntou e sugeriu que a vereadora retirasse a indicação da pauta e apresentasse em outra oportunidade, depois de reformulada.
“Indicação que mostra desespero, inclusive foi retirado de pauta porque os vereadores mostraram que era inviável. Como vai construir poços nas praças se nos bairros não têm água? Quando se entra num desespero de agir sem pensar é porque a falta de água tem realmente incomodado nossa cidade”, comenta Rildo Amaral.
Rebatendo, Teresinha Soares declarou: “Quando há necessidade, agente apela pra tudo. Coloquei indicação pedindo ao ‘poder maior’ que dentro de cada praça fizesse um poço artesiano. Louvaria a Deus se fizessem pelo menos um. Sei que os poços não iriam suprir a necessidade, mas amenizavam”, declarou, falando sobre os transtornos vividos na última semana.
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