Brasília-DF - O Plenário aprovou nessa quarta-feira, por unanimidade, o Projeto de Decreto Legislativo 569/12, que acaba com o pagamento de ajuda de custo aos parlamentares no início e no fim de cada ano (sessão legislativa). Essa ajuda é conhecida como 14º e 15º salários. A matéria vai a promulgação.
O texto, de autoria do Senado, mantém os pagamentos apenas para o primeiro e o último mês dos mandatos (quatro anos para deputados e oito anos para senadores) para custear despesas com mudança. No caso dos deputados do Distrito Federal, apesar do direito, a bancada já tem abrido mão do benefício.
As ajudas de custo foram criadas pela Constituição de 1946, quando a capital era ainda no Rio de Janeiro, com o objetivo de custear as viagens, que eram mais difíceis naquela época. A partir da Constituição de 1988, não constou mais no texto a referência à ajuda, que passou a ser disciplinada em legislação infraconstitucional.
Várias propostas para acabar com o benefício já haviam iniciado tramitação tanto na Câmara quanto no Senado. Em 2006, por exemplo, com a mudança no sistema de convocação extraordinária do Congresso no recesso parlamentar, o Decreto Legislativo 1/06 acabou com o pagamento das ajudas de custo nessas convocações, que passaram a ser mais raras.
O projeto aprovado nessa quarta é de autoria da senadora licenciada e atual ministra-chefe da Casa Civil, Gleise Hoffmann, e foi aprovado pelo Senado em maio de 2012.
Apoio dos partidos
O fim da ajuda de custo foi uma das promessas de campanha do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, que negociou a aprovação unânime da proposta. No momento da votação, o painel eletrônico registrou a presença de 476 deputados.
Líderes de todos os partidos se manifestaram em Plenário a favor do projeto. O líder do PPS, deputado Ruben Bueno (PR), lembrou que nenhum trabalhador tem esse benefício e que, ao aprovar a proposta, “os deputados se reencontram com as pessoas que trabalham no Brasil”.
O deputado Silvio Costa (PTB-PE) disse que o benefício de um 14º e 15º salários se tornou insustentável, e a medida reaproxima a Câmara da opinião pública. “Mas não vamos deixar que alguns apareçam mais, defendendo a medida, porque todos receberam esses recursos”, disse.
O relator da proposta pela Mesa Diretora, deputado Marcio Bittar (PSDB-AC), afirmou que a votação desta quarta-feira mostra que a Câmara quer se aproximar da população. “Prometemos durante a campanha e, agora, estamos tentando levar adiante esses compromissos”, disse Bittar, que é 1º secretário da Câmara.
Mudança
O deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE) explicou que a ajuda de custo foi necessária no passado porque os deputados se mudavam uma vez por ano com suas famílias de volta para seus estados. O recesso parlamentar de fim de ano era de 45 dias, entre dezembro e janeiro. “Como as coisas avançaram e, até mesmo, o recesso diminuiu, não há mais necessidade desse pagamento”, disse. Vários deputados que devolviam esses recursos ou indicavam instituições para recebê-los em seu lugar comemoraram a aprovação em Plenário da proposta.
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