Representantes da comunidade LGBTI denunciaram, nesta semana, em um debate na Comissão de Direitos Humanos (CDH) que, a cada 19 horas, uma pessoa é assassinada no Brasil por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero. A reunião ocorreu em celebração do Dia Internacional de Enfrentamento à LGBTIfobia, lembrado nesta sexta-feira, 17 de maio.
Tathiane de Araújo, presidente da Rede Trans Brasil, entidade nacional que representa pessoas travestis e transexuais do Brasil, ressalta que a maior parte dos assassinatos ocorrem em via pública e no período noturno.
“De todos os casos catalogados em 2018, das mortes, 89 dessas foram em via pública. Todas, em maioria, à noite, em um espaço em que essa pessoa tenta sobreviver e é assassinada, muitas das vezes, de forma brutal, cruel”, relata.
Amanda, moradora de Colombo, região metropolitana de Curitiba, de 24 anos, é homossexual, e faz parte da estatística de pessoas LGBTI que já sofreram com o preconceito por conta de sua orientação sexual.
“Eu fui mandada embora logo depois que a minha esposa foi me encontrar no trabalho e eu a cumprimentei, na frente do meu ambiente de trabalho, com um selinho. Logo depois que eu retornei do meu horário de pausa, eu fui chamada pelo RH para ser mandada embora”, conta.
Já a história de Camila Oliveira, de 48 anos, moradora de Ipatinga, Minas Gerais, envolveu violência física pelo fato de ela ser transexual.
“Eu estava indo comemorar o meu aniversário com os meus amigos do trabalho onde eu trabalhava e, simplesmente, fui abordada por dois rapazes num bicicleta e eles, por transfobia, começaram a me agredir do nada. Eu tentei correr, eles quebraram meu braço, meu dedo e o meu nariz”, disse.
No debate, que ocorreu na Comissão de Direitos Humanos, o presidente da Aliança LGBTI+, Toni Reis, deu os dados da Pesquisa Nacional sobre o Ambiente Educacional, relacionados às experiências de estudantes LGBTI+. Segundo ele, 36% das pessoas são agredidas fisicamente e 60% se sentem inseguros de ir à escola. Outro dado alarmante é que esse grupo é agredido no Brasil a cada duas horas.
“É neste sentido que nós estamos reivindicando a criminalização da LGBTIfobia e também que as escolas discutam o respeito. Todas as pessoas devem ser respeitadas: mulheres, negros e negras, lésbicas, gays, bissexuais e pessoas trans devem ser respeitadas. É isso que nós queremos: o respeito”, enfatiza.
No evento, o senador Styvenson Valentim assinou a carta da diversidade, que assegura o diálogo entre os parlamentares e as causas LGBTI. Já os convidados disseram esperar que o Supremo Tribunal Federal (STF) enquadre a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero como crime. O julgamento iniciado em 13 de fevereiro deve ser retomado no dia 23 de maio. Quatro ministros, até agora, votaram a favor da criminalização da LBTIfobia. (Agência do Rádio Mais)
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