O Brasil do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, a partir deste 1º de janeiro de 2015, apresenta mais desafios do que o do primeiro mandato, iniciado em 2011. Duas das principais promessas na posse de quatro anos atrás — acabar com a miséria e manter a estabilidade econômica — enfrentam problemas. O número de pessoas extremamente pobres caiu num primeiro momento — de 11.772.648, em 2011, para 10.081.225, no ano seguinte —, mas subiu para 10.452.383, em 2013.
Por trás dos números, que indicam um crescimento de 3,7% na miséria, o Brasil passou a ter, de um ano para o outro, um contingente adicional de 371.158 pessoas com renda domiciliar per capita inferior à linha de extrema pobreza. É uma classificação técnica para quem está na indigência. Os dados, os mais recentes disponíveis, foram calculados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão do próprio governo, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE).
Quatro anos após a presidente dizer que não permitiria que “essa praga” voltasse a corroer a economia e “castigar as famílias mais pobres”, a inflação reapareceu no cotidiano das preocupações dos brasileiros. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que havia fechado 2010 em 5,91%, está em 6,56% nos últimos 12 meses (até novembro de 2014). Portanto, rompeu o teto da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 6,5%.
O recrudescimento da inflação impediu Dilma Rousseff de cumprir outra promessa, a de reduzir os juros cobrados no Brasil, dos mais altos do mundo, a patamares de países com economia equilibrada. A presidente até tentou, criando condições para a redução da Selic, taxa básica da economia, de 11,25%, no começo de 2011, para 7,25%, em outubro de 2012.
Entretanto, a disparada dos preços motivou a elevação para 11,75%, em dezembro de 2014, da taxa Selic, usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações dessas instituições em títulos públicos federais.
A estabilidade econômica vem sendo desafiada por outros indicadores nessa área, como o déficit nominal nas contas do setor público, que nos últimos 12 meses, fechados em novembro, subiu para 5,8% do produto interno bruto (PIB). O rombo é de R$ 297,4 bilhões, mais do que o dobro do apurado em dezembro de 2010 (R$ 93,7 bilhões ou 2,56% do PIB), de acordo com o Banco Central.
Em mensagem ao Congresso Nacional, um mês após tomar posse, a presidente prometeu uma reforma tributária que não avançou. Em sentido inverso, no ano de 2013 (último dado disponível), a carga tributária bruta atingiu 35,95%, contra 33,56% no início do primeiro mandato da presidente, conforme dados da Receita Federal.
No discurso de posse, há quatro anos, Dilma Rousseff referiu-se à Petrobras como “símbolo histórico da soberania brasileira na produção energética e do petróleo”. Em quatro anos, a petrolífera viu-se envolvida em uma série de escândalos e virou alvo de investigações não só no Brasil, mas também nos Estados Unidos. Hoje, suas ações são negociadas na Bolsa por apenas um quarto dos valores que detinham em 2010.
Mesmo com problemas na economia, o Brasil do segundo mandato de Dilma Rousseff exibe uma das menores taxas de desemprego do mundo. A desocupação em novembro de 2014 foi estimada em 4,8% para o conjunto das seis regiões metropolitanas investigadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A população desocupada é de 1,2 milhão de pessoas contra uma população ocupada de 23,4 milhões para o conjunto das seis regiões. (Agência Senado)
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