A luta pela melhoria da saúde pública no Maranhão é um desafio que há anos vem sendo discutido na sociedade. Hoje, o Maranhão possui o pior déficit de médicos por habitante do país, com 0,58 médicos para cada mil habitantes. Para acabar com essa realidade, foram criados vários programas federais para atrair a mão de obra estrangeira para as áreas menos atendidas, além da expansão dos cursos de Medicina para regiões desassistidas.
O objetivo do governo federal era de, em curto prazo, atender às carências dos municípios e regiões sem atendimento adequado e, em longo prazo, formar novos médicos que pudessem atender essas regiões no futuro.
No Maranhão, onde apenas quatro municípios oferecem o curso de Medicina, é cada vez mais difícil encontrar alunos naturais no estado. Em Imperatriz, segunda maior cidade do estado, apenas 10% dos alunos que cursam Medicina são maranhenses. Realidade que levou o deputado estadual Marco Aurélio (PCdoB) a propor uma alternativa para melhorar o acesso dos maranhenses aos principais cursos das universidades públicas do estado.
Em discurso, na Assembleia Legislativa no mês de maio, o deputado estadual propôs que a Universidade Federal do Maranhão – UFMA adotasse o critério de uma bonificação no percentual da nota final aos estudantes da região. O sistema ajudará na diminuição do déficit de médicos na região, melhorando também a qualidade da saúde oferecida à população maranhense, sem contar com a chance dada aos jovens maranhenses que sonham em entrar na universidade.
Na terça-feira (11), pouco menos de quatro meses após a sugestão, o deputado esteve em reunião com o reitor da UFMA, Natalino Salgado, membros do corpo jurídico da instituição e coordenadores dos cursos de Medicina nos campi da UFMA, com o objetivo de estudar a aplicação da proposição.
De acordo com Maria do Carmo Barbosa, médica e coordenadora do curso de Medicina do Campus de São Luís, a iniciativa possui os mesmos princípios da política do governo federal, que é de estimular a fixação de residência dos futuros médicos em sua região de formação. “Esses cursos de Medicina foram criados com o objetivo de mudar a realidade das regiões, além de estimular que esses profissionais permaneçam nas regiões após a formação. Com a maior inserção de alunos nativos, as chances de o aluno permanecer na região aumentam consideravelmente”, destacou.
Marco Aurélio lembrou que a medida visa evitar a evasão das universidades ou mesmo da mão de obra formada pelas universidades maranhenses. “Hoje é difícil garantir a permanência de profissionais de outras regiões que são formados pelas nossas universidades. E se esses profissionais voltam às suas regiões de origem após o término dos cursos, então um projeto que era para mudar a realidade da saúde no plano regional, acaba não cumprindo sua finalidade”.
Uma vez implantado o sistema de bonificação, estaríamos dando prioridade para os alunos da região, aumentando as chances da permanência dessa mão de obra”, destacou o deputado.
O parlamentar citou os casos das universidades federais do Pará e de Pernambuco como exemplos bem sucedidos do sistema de bonificação. “Não queremos ferir o princípio da isonomia, mas se o ENEM dá essa possibilidade de a universidade pactuar a política afirmativa, acho que é um direito nosso proteger nossa região. Agradeço ao professor Natalino pela atenção e torço pelo sucesso da medida”, afirmou Marco Aurélio.
O reitor Natalino Salgado agradeceu o apoio do deputado Marco Aurélio e ressaltou a importância dessa proximidade do poder legislativo com as universidades maranhenses. O reitor ressaltou também que toda a equipe técnica da UFMA irá estudar a implementação e expansão da bonificação para os demais cursos. Em caso de nenhum impedimento legal, a bonificação poderá ser implementada na próxima edição do Sistema de Seleção Unificada - SISU. (Assessoria)
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