São Luís - A Assembleia Legislativa realizou na tarde dessa segunda-feira, 18, cerimônia simbólica de devolução dos mandatos parlamentares dos deputados Benedito Buzar, Sálvio Dino e Kléber Leite (em memória), cassados pela ditadura militar de 1964. A sessão solene presidida pelo deputado Arnaldo Melo (PMDB), ocorreu dentro da programação em comemoração ao Dia do Poder Legislativo no Maranhão e do aniversário da Assembleia Legislativa, que completa 178 anos de sua instalação.
Na ocasião, os deputados Benedito Buzar e Sálvio Dino receberam os certificados, respectivamente, das mãos dos deputados Manoel Ribeiro (PTB) e Alexandre Almeida (PSD). Antônio Kenedy representou o seu pai Kléber Leite. Bastante emocionados, agradeceram pelo reconhecimento de uma “injustiça” ocorrida durante a ditadura militar. O primeiro a falar na tribuna foi Antônio Kenedy que, em rápidas palavras, agradeceu a devolução do mandato parlamentar ao seu pai. Em seguida, Benedito Buzar e Sálvio Dino fizeram os agradecimentos e destacaram os momentos de decepções e tristezas pela perda de seus mandatos ocorridos em 25 de abril de 1964.
Benedito Buzar disse que estava satisfeito com a devolução do seu mandato e, principalmente, pelo gesto da Assembleia Legislativa que, na sua avaliação, soube se redimir de uma injustiça cometida em época de repressão. Lembrou dos momentos difíceis vividos no dia da sua cassação. “Estou muito emocionado. Jamais esperava viver um momento como esse. Confesso que é muito difícil fazer um paralelo daquele dia 25 de abril com os dias atuais. Eu vivi um dos momentos mais dramáticos da minha vida. Éramos jovens e cheios de projetos, mas uma trama cinistrosa da Assembleia Legislativa - presidida por Frederico Leda - e do Palácio dos Leões, nos tirou o mandato de uma forma trágica e muito violenta”, desabafou Benedito Buzar. Ele, juntamente com Sálvio Dino, se colocou à disposição da Assembleia Legislativa para realizar uma conferência sobre os momentos vividos pelos deputados cassados em 1964.
Sálvio Dino, ao iniciar a sua fala, mostrando a sua foto tirada no dia que ocorreu a sua cassação, disse que aquele estigma cassatório, com o semblante de tristeza e de revolta, talvez não exista mais. “Mas a dor e a tristeza não passou totalmente dentro de mim. Se eu fechar os olhos o que eu vejo é o plenário legislativo de cisnes negros e os olhos daqueles deputados que nos cassaram num processo violento. Tiraram o sagrado direito de defesa e do contraditório. Quem diria que 49 anos depois da tribuna dessa Casa eu pudesse voltar aqui e dizer: eu voltei”, disse Sálvio Dino, agradecendo a atual legislatura pelo gesto simbólico, louvável de dar de volta o mandato outorgado pela vontade popular.
Publicado em Política na Edição Nº 14632
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