Agostinho Noleto presidiu a Academia Imperatrizense durante dez anos
Agostinho Noleto e esposa Maria do Socorro

O entrevistado desta quarta-feira (25/09) do Programa "Nossa Gente" da TV PROGRESSO WEB, cuja exibição inédita acontece às 11h, é o advogado Agostinho Noleto Soares, 76. Há 51 anos morando em Imperatriz, ele chegou na cidade aos 25 anos, logo após concluir o Curso de Direito, no Rio de Janeiro (RJ), a convite do então governador José Sarney, para exercer o cargo de procurador do Estado do Departamento de Terras. Na entrevista, com trechos divulgados nesta edição de O PROGRESSO, o maranhense de Carolina destaca os avanços pelos quais Imperatriz passara ao longo dos últimos cinquenta anos. Além de advogado, Agostinho Noleto é professor, escritor e integrante da Academia Imperatrizense de Letras (AIL). 

Agostinho Noleto foi secretário de Estado da Segurança Pública, secretário municipal de Educação e além de gestor Regional de Estado da Educação. Ele recebeu a Medalha do Mérito Legislativo, outorgada pela Câmara Municipal de Imperatriz, por meio de Decreto Legislativo de autoria do então vereador Esmerahdson de Pinheiro.
"Polarização Direita x Esquerda no Brasil", opúsculo sobre educação política, é o título do novo livro de Agostinho Noleto, publicado pela Ethos Editora. O objetivo da obra é aguçar a visão do conturbado mundo pós-moderno e visão de mundo que desejamos viver. Servirá também ao aprofundamento da consciência crítica e ao desenvolvimento cultural de quem produz e consome literatura", diz. A coordenação editorial é de Rafael Silva e Ribamar Silva.

TV PROGRESSO WEB - Quem é Agostinho Noleto

AGOSTINHO NOLETO - Cheguei a Imperatriz em 1968, nomeado pelo então governador José Sarney, como procurador do Estado, objetivando de solucionar problemas relacionados com a questão fundiária. Na época, estávamos numa região de grande turbulência. Estávamos no começo desta hoje cidade. Muita gente tinha dúvida do que o município se transformaria. Hoje, porém, estamos na segunda maior cidade do interior da Amazônia Legal. Lá, se vão 51 anos que aqui cheguei. Sou e me considero um dos pioneiros da cidade. Abri mão de morar no conforto de uma grande cidade para aqui ficar.
Estava no Rio de Janeiro, havia concluído o Curso de Direito, fui convidado para vir. O então governador José Sarney queria jovens para integrar o seu governo. Já tinha vindo para o Maranhão, João Alberto [ex-governador e ex-senador]. Aceitei o convite para assumir o cargo de procurador do Departamento de Terras do Estado do Maranhão. Optei por ficar em Imperatriz, pois sou de Carolina.
Do Rio de Janeiro para Imperatriz. Foi um choque cultural muito grande, mas assumi e me dei bem, me realizando aqui, criando raízes, formando uma família numerosa e bonita. Hoje, me sinto bem aqui nesta cidade que ajudei a construir. Portanto, foram José Sarney e João Alberto que me convidaram. E eu conhecia pouca gente. Sérgio Godinho [diretor superintendente de O PROGRESSO] já estava aqui, como promotor de Justiça há uns dois ou três meses, quando aqui cheguei. E permanecemos aqui até hoje, com grande alegria.

TV PROGRESSO WEB - Como era a Imperatriz daqueles tempos?

AGOSTINHO NOLETO - Com três ou quatro ruas. A avenida Getúlio Vargas era conhecida como a rua da Piçarra, era formada por casas de palhas, uma tentativa de a cidade aproximar-se da Rodovia Belém-Brasília, distante uns dois quilômetros. E, foi assim, que a cidade cresceu - em busca da BR-010. Parecia um garimpo, pois não havia planejamento urbano. Era, portanto, um ajuntamento de pessoas, casas construídas de qualquer jeito, ruas abertas de todas as formas, não tinha praça, não tinha nenhum sinal de cidade organizada. Essa era a Imperatriz daqueles tempos, de meio século atrás, que se transformou na grande cidade de hoje.

TV PROGRESSO WEB - Estamos numa metrópole regional?

AGOSTINHO NOLETO - Sim, numa metrópole regional, outro título que se dá para a cidade, o Portal da Amazônia, título criado por mim. Cidade extraordinária, que se destaca nos campos da economia, social e político. Foi o povo desta cidade que a construiu. Não é uma construção de governo, pois o povo, as pessoas, que aqui chegaram, procedentes de várias partes do Brasil, que a construíram, atraídas pela Pré-Amazônia. Naquela época, todas as classes sociais se misturavam. Um dos fatos pitorescos aqui registrados: o ex-prefeito Eurípedes Bernardinho Bezerra, que era coronel da polícia, em 1966/1967, resolveu transferir a Farra Velha (baixo meretrício) para depois do riacho Cacau. E houve protesto por parte de estudantes, que não queriam que tal mudança acontecesse, pois alegrava a região central da cidade.
 
 
ENTREVISTA PRODUZIDA PELO JORNALISTA
Raimundo Primeiro

 
CONFIRA A ENTREVISTA ACESSANDO:
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Polarização

Direita x Esquerda no Brasil

A ideia de apresentação e debate do tema POLARIZAÇÃO DIREITA X ESQUERDA surgiu com a sugestão do presidente da Academia Imperatrizense de letras, Trajano Neto, de que fosse discutido, em reunião ordinária, o assunto dominante da mídia nacional a respeito do projeto "Escola Sem Partido", que tem gerado séria reação, mormente entre os professores, os principais interessados, tolhidos na liberdade de livre docência e dever de educar, além de ensinar.
Sugeri, então, que antes de discutir o projeto, dito educacional, meditássemos sobre o pensamento ideológico que o fundamenta: a guinada à direita na política brasileira, por sinal não restrita à nossa terra, mas um fenômeno de alcance mundial, fazendo surgir perigosa polarização entre direita e esquerda ideológicas, em clara ameaça à Democracia e ao Estado Democrático de Direito.
Além do que o debate proposto, em nível mais elevado e evitando-se, tanto quanto possível, emitir juízos de valor, evitaria cairmos na vulgarização política partidária, o que não é o escopo de uma academia de letras.
Teríamos a oportunidade de aprofundar conhecimento sobre os tempos conturbados em que vivemos, e assim, nos posicionarmos na visão de mundo que, em última análise, servirá para enriquecer a obra literária que produzimos, pelo despertar de maior consciência crítica sobre assuntos tão palpitantes e instigantes.
Assim, foi feito o debate, com a aprovação de todos os acadêmicos presentes. Lançado, na ocasião, um repto pelo desenvolvimento do tema, apressei-me em escrever, em breves tópicos, sobre o que falamos e comentamos, para ficar nos anais da Casa e ainda servir, se houver interesse de outras pessoas ou grupos sociais, na descoberta dessa dicotomia entre Direita e Esquerda, para muitos não bem percebida, ajudando a afastar a inópia mental dominante que alimenta sério preconceito contra a inteligência desenvolvida na universidade brasileira como quem diz: teu conhecimento não é melhor do que a minha ignorância.
É preciso, também, levar em conta a necessidade de clareza sobre tema político tão importante para nossas vidas, aproveitando o que diz Yuval Noah Harari, na introdução de "21 lições para o século 21": "Num mundo inundado de informações irrelevantes, clareza é poder". (Agostinho Noleto Soares)