Veículos foram incendiados e polícia investiga o caso

Dois caminhões-cegonhas que transportavam 16 viaturas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foram alvo de uma emboscada entre Altamira e Novo Progresso, no sudoeste do Pará, perto da Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim.

Segundo a Superintendência do Ibama no estado, cada caminhão-cegonha transportava oito veículos alugados para substituir parte da frota em uso. Nesta madrugada, ao parar em um posto de combustível da BR-163, próximo do distrito de Castelo de Sonhos, em Altamira, os caminhões foram atacados por pessoas ainda não identificadas.
O grupo pôs fogo em um dos caminhões, destruindo oito das viaturas, todas identificadas com a logomarca do Ibama. A ação policial impediu que o grupo ateasse fogo no segundo caminhão-cegonha.
Criada em 2006, a Flona do Jamanxim tem 1,3 milhão de hectares (cada hectare corresponde às medidas aproximadas de um campo de futebol oficial). De acordo com o Ibama, a Flona integra a região mais crítica do desmatamento na Amazônia, em parte pela proximidade da BR-163. Há tempos a região é palco de conflitos entre madeireiros, garimpeiros, índios, ambientalistas e agentes do Estado.
Em junho do ano passado, o 1º sargento João Luiz de Maria Pereira, do Grupamento Tático Operacional do Comando Regional da Polícia Militar de Itaituba (PA), morreu após ser baleado no pescoço e no ombro, em uma emboscada. O sargento participava de uma operação (Onda Verde) de combate ao desmatamento ilegal na floresta nacional, na qual foi destruído um acampamento ilegal de madeireiros dentro da unidade de conservação. Na véspera, agentes do Ibama e policiais militares tinham apreendido um trator, um caminhão e várias motosserras. Na ocasião, a presidente do Ibama, Suely Araújo, disse que o assassinato na Flona do Jamanxim era resultado da ação do crime organizado no eixo da BR-163.
Em junho, diante da mobilização de setores da opinião pública, o presidente Michel Temer voltou atrás na proposta de alterar os limites da Floresta Nacional do Jamanxim, vetando integralmente a Medida Provisória (MP) 756/16. Enviado ao Congresso Nacional pelo Poder Executivo, o texto foi modificado pelos parlamentares, causando a reação contrária de ambientalistas. Segundo o texto final aprovado no Congresso, parte da Flona seria desmembrada para a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) do Jamanxim. As críticas à iniciativa devem-se ao fato de as regras das APAs serem menos rigorosas que as das florestas nacionais. Nessas florestas, permite-se apenas a presença de populações tradicionais e todas as demais áreas particulares devem ser desapropriadas. As APAs admitem maior grau de ocupação humana e a existência de área privada.
Desde que o presidente vetou a MP 756/16, a rodovia BR-163 tem sido palco de manifestações de produtores rurais que pedem a redução da área da Floresta Nacional de Jamanxim.