Secretário Aluísio Mendes, ao lado da delegada geral, Cristina Resende, e do subdelegado geral, Marcos Afonso Junior, fala das medidas que estão sendo tomadas para elucidar o homicídio

O secretário de Estado da Segurança Pública, Aluísio Mendes, informou, durante reunião com a Comissão de Jornalistas Maranhenses, que o andamento das investigações sobre o assassinato do jornalista e blogueiro Décio Sá, ocorrido na noite da última segunda-feira (23), seguirá em sigilo. O encontro ocorreu nessa sexta-feira (24), na sede da SSP.
Aluísio Mendes, acompanhado da delegada geral de Polícia Civil, Maria Cristina Resende Meneses, e do subdelegado geral, Marcos Afonso Junior, também falou sobre algumas medidas que estão sendo tomadas pelo Sistema de Segurança para chegar aos executores e mandantes do homicídio. Entre as medidas, está a transferência da sede dos trabalhos da Delegacia de Homicídios para a Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic), no Bairro de Fátima.
De acordo com Mendes, a determinação, estabelecida por meio de uma portaria da Delegacia Geral da Polícia Civil, é para garantir que o andamento dos trabalhos não seja atrapalhado. A força-tarefa continua a mesma. Duas pessoas já foram detidas e tiveram suas prisões temporárias decretadas pela Justiça. Elas são suspeitas de envolvimento no assassinato do blogueiro.
“A divulgação precipitada de informações compromete o andamento das investigações. Este crime demanda tempo e técnica para ser solucionado, pois foi planejado meticulosamente e executado por profissionais. Todo o Sistema de Segurança está empenhado em solucionar este caso. Os delegados estão analisando uma lista composta de 2.800 informações, tudo para elucidar o quanto antes esse crime”, declarou o secretário de Segurança Pública, garantindo que as peças do “quebra-cabeça” do assassinato estão se juntando.
A determinação, segundo explicou o secretário, busca impedir a publicação de dados cruciais e importantes para o rumo das investigações policiais, uma vez que o executor de Décio Sá é atualmente considerado um ‘arquivo vivo’ no crime e também deve ser preservado.
Aluísio Mendes disse ainda que não há nenhuma possibilidade dos crimes de pistolagem estarem retornando às estatísticas de violência do Maranhão. Todos os crimes que apresentaram características de encomenda estão sendo solucionados, de acordo com o secretário. Ele lembrou que o caso do líder camponês morto no município de Buriticupu e o caso dos irmãos Queiroz estão com investigação avançada. A Polícia trabalha para pedir a prisão preventiva dos envolvidos.
Com relação aos índices de violência, Aluísio apontou, ainda, que só nos primeiros quatro meses deste ano foram apreendidas 138 armas, representando um aumento de 37% em apreensão em contraponto ao mesmo período do ano passado.
A polícia confirmou que inúmeras evidências comprovam que a execução de Décio Sá foi um crime arquitetado. As investigações apontam ainda que houve um estudo preliminar da rotina do jornalista, para que o plano de fuga fosse montado, tendo em vista dificultar a identificação dos envolvidos no homicídio.
Com relação à união de provas que ajudem a identificar os autores, Mendes afirmou que imagens de circuitos internos de prédios e das barreiras eletrônicas na área da Avenida Litorânea já foram recolhidas pela Polícia. Peritos do Instituto de Criminalística do Maranhão (Icrim) trabalham para melhorar a qualidade das imagens. O computador, telefone pessoal do jornalista e a senha estão sendo analisados pela Polícia.
Investigação - A Polícia Civil já descobriu que os executores utilizaram 4 lotes de cápsula diferentes para assassinar o jornalista. Segundo a Polícia, essa estratégia é para dificultar a montagem da dinâmica do crime. As informações dos lotes já foram repassadas aos fabricantes para identificar quem as possuía. A perícia descobriu também que duas munições estavam sem a identificação dos lotes. “Quem cometeu esse crime sabia muito bem o que estava fazendo”.
As investigações já comprovaram que, durante a fuga, os criminosos teriam feito a troca dos veículos, da moto que deu fuga ao assassino para um carro que estava atrás das dunas, em, no máximo, 10 minutos. Eles ainda teriam percorrido uma distância de aproximadamente 90 metros. Durante o percurso até a troca da moto pelo carro, o executor deixou cair o carregador da arma que vitimou Décio Sá, uma pistola .40.
A delegada geral da Polícia Civil, Cristina Meneses, reforçou que a polícia está empenhada em solucionar o homicídio do jornalista, mas que também todos os outros crimes da mesma natureza estão sendo investigados e elucidados. “Todos os homicídios que acontecem no estado estão sendo investigados. A Polícia está apurando os fatos cuidadosamente, para apresentar resultados positivos à sociedade”, afirmou.
Depoimentos – O secretário de Segurança disse que várias testemunhas já foram ouvidas. Ele chamou a atenção para as pessoas que estavam no local, na hora do crime, que procurem a Polícia para falar sobre o que presenciaram. “Temos informações que cerca de cinco pessoas viram toda a movimentação no momento exato do assassinato. Essas testemunhas precisam procurar a Polícia. Quem nos passar alguma informação sobre o assassinato não terá, em hipótese alguma, seu nome relevado”, garantiu o secretário. Familiares e pessoas que estavam na redondeza do bar também estão sendo ouvidos pelos delegados que acompanham o caso.
Informações – Estão sendo oferecidos R$ 100 mil para quem tiver informações que levem aos executores e aos mandantes do assassinato, que podem ser repassadas aos telefones do Disque Denúncia (32235800, em São Luís, e 03003135800, no interior).
O retrato falado do executor está sendo confeccionado pelos peritos de Criminalística do Maranhão (Icrim). A imagem será divulgada nos próximos dias. A Perícia técnica está usando o que há de mais moderno em software na confecção do retrato falado.
Comitê de jornalistas – Ainda na manhã de sexta-feira (27), Aluísio Mendes recebeu do Comitê de Imprensa da Assembleia Legislativa, um manifesto contra a impunidade, pistolagem e pela liberdade de imprensa e expressão. O documento assinado pelos componentes da Comissão repudia a execução de Décio Sá.
Durante a reunião, o jornalista e blogueiro Caio Hostílio agradeceu o empenho do secretário de Segurança na solução do caso e disse que a categoria estará à disposição da Polícia para ajudar no que for preciso. Já Robert Lobato afirmou que confia no sistema de Segurança e nos trabalhos da Polícia e que acredita que os culpados serão identificados e presos. O jornalista Cunha Santos falou da competência da Polícia e também disse acreditar na completa solução do homicídio.