Quilombo Charco, onde Raimundo Silva foi assassinado

A Polícia Civil investiga o assassinato do líder quilombola Raimundo Silva, 57 anos, conhecido como Humbico, morador do quilombo Charco, em São Vicente Ferrer. Ele foi morto com um tiro de espingarda, na quarta-feira (12). A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanha o caso. O corpo foi para São Luís para realização do exame cadavérico.

O crime aconteceu por volta das 7h30, mas o corpo só foi encontrado cinco horas depois. Raimundo saiu de casa para buscar a aposentadoria da mãe em outro povoado. Quando estava retornando ao Quilombo do Charco, foi emboscado e alvejado com um tiro nas costas. O líder quilombola morreu no local.
O advogado Rafael Silva, integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB, revelou que o histórico de conflitos por terra na região é antigo. Em 2010, Flaviano Pinto Neto foi executado com sete tiros na cabeça, cujo caso teve repercussão nacional. Uma outra liderança ficou acompanhada pela Força Nacional durante um ano.
“O quilombo do Charco tem um histórico de violência muito grande. Uma situação como essa preocupa a Comissão da OAB e as diversas entidades, como Pastoral da Terra, Sociedade Maranhense de Direitos Humanos e outras que acompanham de perto a questão do quilombo, que deve ser titulado como território quilombola ainda este ano”, afirmou.
A família suspeita que tenha sido um crime por encomenda. “A gente acredita que foi execução, porque não levaram os pertences que ele tinha. A polícia está investigando e a gente só pode afirmar depois das investigações”, afirmou o produtor rural Almirandir Costa, que é primo da vítima.
O Governo do Maranhão, por meio das Secretarias de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop) e Extraordinária da Igualdade Racial (Seir), manifestou pesar pela trágica morte do líder quilombola e afirmou que está apurando o crime, tendo como norte o combate ao racismo e o extermínio do povo negro com políticas públicas de direitos humanos, igualdade racial e segurança pública.