Vinte e duas pessoas foram detidas durante a Operação Ferro e Fogo I e II, realizada na manhã dessa terça-feira (2), em São Luís e em Imperatriz. Dentre os presos está o atual superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Antônio Cézar Carneiro de Sousa. Ele é suspeito de ter participado do esquema de corrupção quando era secretário adjunto da Sema e acabou detido por policiais federais quando estava dentro de um avião com destino a Brasília. Ao todo foram cumpridos 22 mandados de prisões (preventivas ou temporárias), 28 mandados de busca e apreensão e seis conduções coercitivas de pessoas diretamente envolvidas com os fatos. Uma pessoa está foragida, de acordo com a Polícia Federal.
A Operação Ferro e Fogo I e II investiga um esquema de corrupção envolvendo 19 servidores públicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) e quatro empresários. O nome é inspirado no romance “A Ferro e Fogo”, do escritor Warren Dean, que narra a história de devastação da floresta brasileira.
De acordo com inquérito da Delegacia Especializada em Repressão e Crimes contra o Meio Ambiente, a organização criminosa era responsável por um esquema de “lavagem de madeira”, além de cobrar propina para conceder informações privilegiadas a empresários sobre fiscalizações do Ibama.
Em entrevista coletiva concedida na manhã dessa terça-feira, em São Luís, onde as investigações estão centralizadas, o procurador da República Juraci Guimarães Júnior disse que a corrupção está “enraizada” no Ibama. “É a venda de madeira de uma área que não existe, área indígena ou área sem cobertura vegetal, para depois lavar a madeira ilegal, acaso de processos arquivados, que só andavam com corrupção. Então, é um conjunto de crimes, com uma quantidade muito grande de servidores envolvidos, principalmente os que estavam diretamente ligados com a fiscalização”, explicou.
Guimarães Júnior informou que as denúncias serão formalizadas com rapidez. “Houve um cuidado de se fazer todo um conjunto probatório que é efetivo para comprovar esses delitos. Independente da divulgação dos nomes, como o nosso conjunto probatório já é bastante fechado, a gente acredita que, com as diligências e buscas realizadas, a gente consiga fazer as denúncias o mais cedo possível, divulgando todos os nomes”, garantiu.
O delegado da PF Felipe Soares Cardoso relatou que os servidores envolvidos se dividiam em pequenos grupos e exigiam propinas de R$ 20 mil por delito, valor que rateavam entre si. “Por isso que às vezes era mais alto, para poder ratear entre os servidores. Internamente, eles divulgavam operações, fraudavam processos ambientais, direcionavam resultados para beneficiar particulares porque os empresários precisam de processos autorizados legalmente para lavar essa madeira”, explicou.
Segundo o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano de Menezes Evaristo, os delitos foram comprovados por meio de escutas telefônicas comparadas a processos administrativos fraudulentos. “Para haver a regularização, eles precisam de processos para gerar crédito de madeira, que são processos fantasmas. Esses créditos eram comercializados para que madeireiros puxassem madeira de áreas não permitidas e vendiam como se essa madeira fosse legal e acabava até sendo exportada legalmente”, informou.
Evaristo revelou também que agentes do órgão chegaram a flagrar colegas informando madeireiros da chegada da fiscalização. “É o pior corrupto que tem, o que coloca a equipe em risco. Todos os agentes responderão a processo disciplinar e estão sujeitos a demissão sumária após a operação, que é para derrubar o desmatamento e o crime organizado”, acrescentou.
Na região tocantina e sul do estado, foram presas seis pessoas, em Imperatriz, Açailândia, Balsas e Davinópolis.
Comentários