Delegado Júlio Sombra, Alexandre Saraiva, superintendente da PF no MA; Hilton Melo, procurador federal, e Roberto Cabral, fiscal do Ibama, na entrevista de ontem

A Polícia Federal, em conjunto com o IBAMA e o Ministério Público Federal, deflagrou, na manhã dessa quinta-feira (14), a ‘Operação Hymenaea’ com o objetivo de combater grupo criminoso ligado à extração e à comercialização de grandes quantidades de madeira ilegal, provenientes da Terra Indígena Caru e da Reserva Biológica do Gurupi.

Mais de 300 policiais federais, apoiados por servidores do IBAMA e policiais do BOPE de Brasília e do Rio de Janeiro, estão dando cumprimento a 77 medidas judiciais, sendo 11 mandados de prisão preventiva, 10 mandados de prisão temporária, 56 mandados de busca e apreensão, bem como à suspensão da certificação de 44 empresas madeireiras, nas cidades de São Luís, Imperatriz, Buriticupu, Açailândia, Zé Doca, Alto Alegre do Pindaré, Bom Jardim, Governador Nunes Freire, todas no estado do Maranhão. No Rio Grande do Norte: Tibau, Mossoró, Parnamirim e Natal, e em Capuí, no estado do Ceará.
A organização criminosa atuava extraindo ilegalmente madeira das reservas indígenas. Esse material era “esquentado” por meio de documentação fraudulenta para o transporte e retirada das áreas protegidas. Um membro da quadrilha era o responsável por emitir documentos destinados a microempresas laranjas, cadastradas como construtoras em pequenas cidades no interior do Rio Grande do Norte. Essa manobra servia para desviar a madeira para receptadores em todo o Nordeste brasileiro.
Os desmatamentos causaram danos ambientais gigantescos no último reduto da floresta amazônica na região nordestina. A organização criminosa fazia o corte seletivo de madeira nobre e espécies ameaçadas de extinção, de forma a acobertar o crime sob a copa das árvores de menor valor monetário. Segundo estimativas, o grupo teria movimentado valores da ordem de R$ 60 milhões.
As autoridades sequestraram mais de R$ 12 milhões de diversas pessoas físicas e jurídicas. Esses valores são provenientes da lavagem do dinheiro auferido com a extração ilegal da madeira.
Os investigados responderão por crimes como participação em organização criminosa, lavagem de capitais, roubo de bens apreendidos, obstar a fiscalização ambiental, desmatamento na Terra Indígena Caru, desmatamento na Reserva Biológica do Gurupi, receptação qualificada, ter em depósito produto de origem vegetal sem licença válida, corrupção ativa, tráfico de influência, dentre outros.
A cidade de Imperatriz foi escolhida para centralizar as ações e na manhã dessa quinta-feira (14), o superintendente regional da PF no Maranhão, Alexandre Silva Saraiva; o delegado federal do meio ambiente no Maranhão, Júlio Lemos de Oliveira Sombra; o procurador da Republica em Imperatriz, Hilton Araújo de Melo, e o coordenador de Operações de Fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Roberto Cabral Borges, reuniram a imprensa para falar sobre a operação em entrevista coletiva na sede da Delegacia de Polícia Federal em Imperatriz.
Como sempre acontece, a PF não informou os nomes dos acusados. A maioria das prisões aconteceu em Buriticupu, onde várias serrarias, caminhões e equipamentos foram destruídos.