Cinco dos seis madeireiros indiciados por tentativa de furto e extração ilegal de madeira nas matas da reserva Araribóia
Madeira encontrada pelos índios que foi retirada da reserva indígena

Seis dos oito madeireiros detidos por índios que integram o grupo ‘Guardiões da Floresta’ e entregues na Delegacia de Polícia Federal (DPF) em Imperatriz, foram indiciados por tentativa de furto e extração ilegal de madeira. Os seis homens se encontram presos na Unidade Prisional de Ressocialização de Imperatriz (UPRI) até ulterior deliberação da justiça.

Segundo a delegada Juliana Barros, titular da DPF de Imperatriz, dois homens foram liberados tendo em vista que não foram encontrados quaisquer problemas que pudessem colocá-los na mesma situação dos seis que foram indiciados e continuam presos.  
Os seis madeireiros, que não tiveram os nomes revelados, uma praxe da Polícia Federal, já estavam com uma tenda improvisada e estariam desmatando dentro da terra indígena Araribóia, que fica localizada na região de Arame.
Fotos tiradas pelos próprios indígenas mostram a quantidade de madeira cortada. Os índios também encontraram duas folhas de papel com anotações sobre o controle dos trabalhos executados. 
Um dos madeireiros presos afirmou que estava na reserva desde novembro de 2018. Na época, ele diz que cortou 300 estacas e que agora estava voltando para buscar o material e retirar mais 600 estacas. A madeira seria vendida para um fazendeiro em Açailândia.

Sobrevivência
de índios isolados

Outra preocupação dos índios e da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Imperatriz é sobre os grupos que vivem na reserva Araribóia, que possui mais de 413 mil hectares. No local, vivem 14 mil índios da etnia Guajajara e o grupo isolado Awá-Guajá. Ações de caça, pesca e retirada de madeira colocam em risco a sobrevivência desse grupo.
“Eles [índios isolados] estão muito vulneráveis. Hoje são o povo mais vulnerável do mundo porque o contato com eles pode dizimá-los. Nós carregamos uma série de doenças que eles nunca foram expostos, além de possíveis confrontos. É o que nos preocupa no momento”, declarou o coordenador regional da Funai, Guaraci Mendes.
Segundo a delegada Juliana, o inquérito aberto com a indiciação dos suspeitos será enviado para São Luís, tendo em vista que a região de Arame tem área de atuação da PF da capital. 
“Estamos concluindo o inquérito e em seguida vamos mandá-lo para a Justiça Federal em São Luís, uma vez que a região de Arame na questão indígena é de responsabilidade da PF em São Luís”, enfatizou a delegada.