O juiz Antônio Luiz de Almeida Silva revogou a prisão preventiva e concedeu alvará de soltura ao ex-diretor da Casa de Detenção (Cadet) do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, Cláudio Henrique Bezerra Barcelos. Ele estava preso preventivamente no Quartel da Polícia Militar, em São Luís, desde o dia 15 de setembro, quando foi detido suspeito de receber dinheiro para facilitar fugas e saídas de detentos da unidade prisional.

Na decisão, o magistrado diz que já foram coletados indícios de autoria e materialidade suficientes para a conclusão do inquérito e indiciamento do suspeito, acrescentando que Barcelos não tem mais como interferir nas investigações, uma vez que já foi afastado do cargo. O juiz aponta ainda que o ex-diretor é réu primário, sem antecedentes criminais e possui profissão estabelecida (bacharel em Direito).
O documento não informa a quais crimes o ex-diretor será indiciado após a conclusão do inquérito. Segundo consulta pública feita no site do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA), o processo corre em segredo de justiça e não pode ser visualizado no momento.
Segundo informações da Polícia Civil, Barcelos mantinha um esquema em que recebia dinheiro para facilitar saídas temporárias e fugas de presos. Quanto maior o tempo na rua, maior o preço cobrado. A autorização para a saída era feita com um documento falso, assinado pelo diretor.
Uma quadrilha de assaltantes chegou a pagar R$ 300 mil para sair da cadeia. Imagens do circuito interno de Pedrinhas registraram a saída do grupo. A polícia também teve acesso a mensagens de texto trocadas via celular entre o diretor e os fugitivos. Interceptadas com autorização da Justiça, as mensagens comprovam a relação de cumplicidade entre as partes.
Ao delegado André Gossain, que preside o inquérito, Barcelos teria admitido a liberação de quatro presos, mas nenhum por dinheiro em troca. O ex-diretor teria afirmado que liberava apenas detentos de boa conduta e que monitorava os beneficiados.