O delegado da Polícia Civil Marivan da Silva Souza, baleado por policiais militares após ser confundido com um criminoso, recebeu alta do hospital particular em que estava em Palmas.
Marivan da Silva Souza levou três tiros, um na mão, um na orelha e outro de raspão na cabeça. Ele perdeu parte de uma orelha. As câmeras de segurança de um mercado flagraram a ação. Nas imagens é possível ver uma caminhonete com vários homens armados perseguindo o carro do delegado. Na sequência, várias pessoas que estavam na rua correm para dentro do comércio antes de os tiros começarem.
Em outro vídeo, feito por um cinegrafista amador, o delegado está deitado na rua após ser baleado três vezes e há vários policiais em volta gritando para que os moradores se mantenham longe do local.
Os disparos foram feitos por policiais da Companhia Independente de Operações Especiais da Polícia Militar, que estariam na cidade procurando suspeitos do assalto a um carro-forte na BR-153. Marivan da Silva Souza é o responsável pela delegacia de Colmeia, também na região central do estado. O carro em que ele estava ficou com várias marcas de tiros.
O Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Tocantins (Sindepol) disse que acompanha o caso e que considera que a ação foi um ato ilegal da Polícia Militar. O sindicato afirma que o delegado estava em baixa velocidade, desarmado e sozinho e que foi abordado por PMs, que não se identificaram, estavam sem uniforme e em uma viatura descaracterizada.
O Sindepol disse ainda que o caso demonstra que a PM extrapolou suas funções e que aguarda a conclusão da investigação e a condenação dos responsáveis.
“Estava andando devagar na avenida, não estava correndo, até porque o trânsito estava movimentado, quando ouvi um barulho. Encostei o carro e saí, só depois percebi que tinha sido baleado. Me falaram para deitar no chão e apontaram as armas. Aí falei que eu era delegado. Eu estava desarmado”, disse Marivan, logo que saiu do hospital.
Investigações do caso
O Governo do Tocantins informou que foram abertas duas investigações independentes sobre o caso. Uma está sendo conduzida pela Comando Geral da PM e outra pela Secretaria de Segurança Pública. O secretário de Segurança Pública, César Simoni, o delegado-geral da Polícia Civil, Claudemir Luiz Ferreira, e o coronel Glauber de Oliveira Santos, comandante geral da Polícia Militar, estão em Guaraí acompanhando o caso.
Policiais presos
Nesse domingo (29), a Justiça decretou a prisão preventiva dos quatro policiais militares suspeitos de atirar contra o delegado. A decisão é do juiz plantonista Ciro Rosa de Oliveira. Segundo ele, o objetivo é evitar que os militares destruam provas e interfiram no depoimento de testemunhas.
A prisão preventiva é contra os policiais Frederico Ribeiro dos Santos, João Luiz Andrade da Silva, Thiago Mariano Duarte Peres e Cleiber Levy Gonçalves Brasilino. A defesa dos policiais informou que vai entrar com Habeas Corpus junto ao Tribunal de Justiça do Tocantins para pedir a liberdade deles.
Os militares estão presos no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, em Palmas, e entregaram as armas e a viatura usadas na ação.
Assalto a carro-forte
O incidente aconteceu durante a operação montada para procurar os suspeitos de assaltar um carro-forte na tarde dessa sexta-feira (28), entre Guaraí e Presidente Kennedy, na BR-153. O veículo foi explodido e o dinheiro levado pelos bandidos, que trocaram tiros com os seguranças do veículo. Ninguém ficou ferido.
As polícias, inclusive, fizeram um pedido para que os moradores da região onde ocorreu o assalto saiam de casa para evitar sequestros.
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