O atentado contra o ex-policial militar Washington Luís Caíres Nascimento, de 54 anos, está sendo investigado pela Superintendência de Investigações Criminais (Seic) pelos delegados Augusto Barros, superintendente, e Roberto Larrat, do Departamento de Combate ao Crime Organizado (DCCO). Ambos foram designados desde o dia 12 deste mês para integrar a comissão que apura crimes de grilagem de terra no bairro do Araçagi, em São Luís, e a suposta encomenda de morte do delegado Sebastião Uchoa, superintendente de Polícia Civil da Capital.
Tentativa de homicídios - O ex-policial militar Washington Luís Caíres Nascimento, citado recentemente como um dos supostos contratados para matar o delegado Sebastião Uchoa, foi vítima de uma emboscada na noite de quarta-feira, 21, no bairro Macaúba, em São Luís. Ele foi atingido com três tiros de pistola, no abdômen, perna e virilha esquerda, e se encontra internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão I). Até o momento, a polícia não conseguiu localizar os autores do crime.
Segundo a Polícia Civil, a tentativa de matar o ex-PM ocorreu por volta das 20h, quando a vítima se encontrava em uma esquina próxima à praça do bairro. No boletim de ocorrência, registrado no Plantão Central da Beira-Mar horas depois por outro ex-integrante da PM, o 3º sargento reformado José Ribamar Costa, o Pretocó, de 45 anos, também citado como um dos supostos executores de Uchoa, é relatado que Caíres havia sido alvejado por quatro homens armados e encapuzados, porém bem vestidos, de paletó, em um veículo Palio preto, sem placas.
Após dispararem seis vezes contra o ex-policial militar, os homens fugiram do local, tomando rumo ignorado. O caso foi encaminhado à Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) para ser investigado pelos delegados Augusto Barros, superintendente, e Roberto Larrat, do Departamento de Combate ao Crime Organizado (DCCO).
Bala perdida - Além do ex-policial militar Washington Luís Caíres Nascimento, também foi atingida pelos tiros Maria do Socorro Celestino Lima, de 48 anos.
Ela, que é moradora do bairro Coreia de Baixo, passava pelo local na hora do atentado. A segunda vítima também foi levada para o Socorrão I, onde foi medicada e está fora de perigo.
Investigação - Caíres Nascimento, que é morador do bairro Belira, passou a ser investigado após interceptações telefônicas que renderam informações de que a morte do superintendente seria agenciada por R$ 150 mil. Os dois ex-militares, conforme a polícia, teriam sido procurados por pessoas ligadas ao corretor de imóveis Elias Orlando Nunes Filho e ao vereador de Paço do Lumiar, Edson Arouche Júnior, o Júnior do Mojó, sócios da Imobiliária Territorial e foragidos da Justiça desde a conclusão do inquérito sobre a morte do empresário Marggion Lanyere Andrade, de 45 anos.
O empresário foi morto com um tiro na nuca, no fim da manhã do dia 14 de outubro, e o seu corpo foi encontrado no dia seguinte, enterrado em uma cova rasa, em um terreno de sua propriedade, no bairro Araçagi. Elias Orlando Nunes Filho e Júnior do Mojó, que haviam vendido a área a Marggion Andrade, foram indiciados como mandantes do crime, tipificado em homicídio triplamente qualificado. A motivação para matar o empresário, de acordo com a polícia, foi porque os dois suspeitos queriam tomar a todo custo o lote para vendê-lo a outros clientes posteriormente.
Elias Filho e Júnior do Mojó seriam líderes de uma organização criminosa, responsável pela venda irregular de terrenos na Região Metropolitana de São Luís. Seus nomes entraram no bojo do inquérito após as prisões do ex-presidiário Alex Nascimento de Sousa, de 23 anos (autor do disparo contra o empresário); o caseiro da vítima, Roubert Sousa dos Santos, o Louro, de 19 anos, preso horas depois do achado do cadáver, e a apreensão de um adolescente de 15 anos, que havia dado cobertura para o assassinato. Todos apontaram os sócios como os mandantes do crime.
Operação - Na quarta-feira, no mesmo horário do atentado à bala contra o ex-soldado Washington Luís Caíres, a força-tarefa da Seic realizou uma operação no município de São José de Ribamar, apreendendo computadores e documentos que serão analisados, pois há suspeita de serem falsificados. O alvo da Polícia Civil, desta vez, foi a Imobiliária J. Castro, de propriedade de Ronilson Jorge Cardoso, que, segundo o Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci) do Maranhão, se passava como corretor usando uma carteira falsa. Com ele, foram presos Luís Carlos Cardoso e Adelson da Cruz Cardoso.
Os três foram autuados em flagrante por uso de documento falso e estelionato. O envolvimento dos suspeitos no esquema ilegal foi descoberto depois que a mulher de nome Olívia Maria Viana Sampaio, dona de um lote de 450m² no Araçagi, denunciou à polícia que havia encontrado uma placa de venda em seu terreno, oferecendo-o por R$ 100 mil, com pronta entrega ao interessado. A polícia informou que a imobiliária falsificou uma procuração e todos os documentos pessoais da vítima.
Busca e apreensão - No dia 26 de outubro, a Superintendência de Polícia Civil da Capital (SPCC) cumpriu mandados de busca e apreensão em dois endereços do corretor de imóveis Elias Orlando Nunes Filho e do vereador Edson Arouche Júnior, o Junior do Mojó, respectivamente nos bairros Planalto Anil II, e Jardim Eldorado (área do Turu). Nos imóveis, foi apreendida farta documentação falsa, principalmente certidões de registro de imóvel recortadas, com selos do Tribunal de Justiça do Maranhão, comumente utilizados no reconhecimento de firmas, em cartórios.