Juiz Ricardo Macieira: "Deixo o Tribunal com alma de imigrante"

Após 2 anos atuando como membro efetivo do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, o juiz federal Ricardo Felipe Rodrigues Macieira despediu-se da função durante julgamentos realizados na tarde dessa quinta-feira, 22. O magistrado assumiu o cargo no TRE-MA em 29 de março de 2016 e, no período, julgou 409 processos, dos quais 216 em plenário e 105 monocraticamente.
Ausente em razão de compromissos da Justiça Eleitoral, o desembargador Ricardo Duailibe, presidente do Tribunal, encaminhou mensagem especial de despedida ao juiz federal, que foi lida pelo corregedor, e presidente em exercício, desembargador Cleones Cunha.
"Relembro que foi esse ilustre colega que, com um belíssimo discurso, em nome da Corte, saudou-me quando da minha posse como membro efetivo do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão. Naquela oportunidade, ficou demonstrada a amizade que nos une, desde muito, através de nossas famílias. Ficou especialmente gravado na minha mente e guardado no meu coração, o que ele disse: 'o que mais me impressiona e particularmente me encanta é a convicção de que Vossa Excelência, assim como eu, guarda no coração e na saudade as mais venturosas recordações de seu pai e dos ensinamentos que ele deixou desde que a providência de Deus se comprazeu de levá-lo'. 
Vossa Excelência entra para a história do Eleitoral como um juiz que se conduziu com brilhantismo ímpar, com a independência que deve nortear a todos nós julgadores e, principalmente, sabendo conviver com a divergência, própria dos órgãos colegiados compostos por igualmente distintos membros. Lamento apenas não mais poder contar com a presença de Vossa Excelência nesta Corte, num momento muito especial em que se aproximam as eleições gerais que vamos, todos juntos, presidir, as quais se anunciam bastante alvissareiras. Mas ficam nos anais desta Corte seus bem fundamentados e belos votos como fonte de consulta jurisprudencial a ser seguida. Finalizo desejando-lhe que prossiga em sua carreira de juiz federal com o mesmo brilhantismo reconhecido por todos e deixando-lhe aqui o meu mais fraterno abraço", assinalou o presidente.
Os demais membros, alguns emocionados, endossaram as palavras do desembargador Ricardo Duailibe. Por sua vez, o juiz federal resumiu: "Permita-me agradecer as gentilezas que recebo com tanto carinho. Ontem aqui cheguei comprometido apenas em honrar a transitória ocupação do cargo, com a aspiração de poder continuar a obra de meus antecessores, que por muitos anos têm construído o respeito e o prestígio de que desfruta o assento da Justiça Federal nesta Casa. Passados quatro anos, tenho apenas um propósito: agradecer a todos os que fizeram e fazem esta instituição. Cada um que encontrei pelo caminho, a delicadeza de cada atitude, o calor de cada abraço, tudo agora faz parte da minha história! Nossos laços floresceram com grande intensidade! Neste Tribunal tudo foi pleno e absoluto! Recusamo-nos a uma vida fácil de espectadores, abandonamos nossas torres de marfim para entregar o melhor de nossos esforços e fazer desta uma Corte que celebra a justiça onde quer que a encontre! Meus caríssimos colegas, se ainda me fosse permitida uma única palavra, lhes pediria que jamais perdessem a fé no Direito e na Justiça! Mantenham vivo o ideal de cumprir a missão que o destino reserva a esta Casa: ter como crença, a certeza de que a justiça é sempre o gesto que se faz; ter como credo, a consciência de que a justiça é sempre o gesto feito!".
Finalizou ressaltando: "Deixo o Tribunal com alma de imigrante, partida entre a terra que me trouxe até aqui - a minha Justiça Federal - e aquela que procurei cultivar - a Justiça Eleitoral. Que esta nossa despedida seja, pois, o nosso eterno reencontro! Muito obrigado!".
Da sessão dessa quinta (22/03) participaram os membros Cleones Cunha (desembargador), Tyrone Silva (desembargador), Vicente Castro (desembargador), Júlio Praseres (juiz estadual), Lavínia Coelho (juíza estadual), Daniel Blume (jurista) e Eduardo Moreira (jurista), o procurador regional Pedro Alcântara e o diretor-geral Flávio Costa.