A Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP) vai adotar, a partir do mês que vem, a mesma metodologia de contabilização de crimes já utilizada por outros estados do país. O formato usado atualmente não permite a tipificação da ocorrência e contabiliza todas as mortes como sendo homicídio. Com a mudança, de acordo com o secretário Aluísio Mendes, será possível fazer ações mais específicas, direcionadas e com mais eficiência no combate à criminalidade. Para garantir transparência, os números também serão disponibilizados na página da SSP na internet (www.ssp.ma.gov.br).
Dessa forma, assim como já acontece em estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná e Pernambuco, os casos de latrocínios, mortes no sistema prisional, afogamentos e até suicídios ganharão a classificação correta. Com a medida, será possível construir um mapa da violência que traduza a real situação vivida nas ruas e, também, desenvolver ações cujos efeitos poderão ser sentidos de maneira mais efetiva pela comunidade.
“Hoje, toda morte ocorrida no Maranhão é homicídio, começando pelo registro no IML (Instituto Médico Legal). Mas não deve ser assim, pois se formos comparar as estatísticas de morte no Maranhão usando a metodologia de contabilização de outros estados, e a do próprio Ministério da Justiça, ela é muito menor”, ressaltou Aluísio Mendes.
O secretário esclareceu que as estatísticas da SSP continuarão sendo extraídas das ocorrências registradas pelo Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), via telefone de emergência 190, e a contagem de entrada de mortos no IML, vítimas de arma de fogo, arma branca e de outros meios. Só que as informações serão mais completas, detalhadas, a partir da contabilização do Sistema Integrado de Gerenciamento Operacional (Sigo) que está sendo adotado para todas as forças policiais do estado. “O objetivo da secretaria é trabalhar com total transparência, para buscar excelência nos critérios de procedimentos, realinhando os padrões de informações e ocorrências, para divulgar todos os dados aos cidadãos”, assinalou Mendes.
Segundo dados da Região Metropolitana de São Luís (inclui também Raposa, São José de Ribamar e Paço do Lumiar), de janeiro a outubro deste ano, foram registrados 508 mortes violentas, que aparecem como homicídio. Foram 48 ocorrências em julho; 59 em agosto; 66 em setembro; e 61 em outubro. “A mudança na metodologia vai somar ao trabalho da polícia, que já está atuando pontualmente nessa área, inclusive identificando o motivo dessa queda sutil registrada no mês passado”, observou.
Guerra de tráfico
O secretário ressaltou, ainda, que a SSP já tem um trabalho efetivo na área de combate ao tráfico de drogas, pois o serviço de inteligência identificou que cerca de 70% dos homicídios ocorridos na Região Metropolitana de São Luís, nos últimos meses, são consequência do acirramento de disputas por território e ponto de venda de entorpecentes. Segundo Mendes, a ‘guerra’ é alimentada pelos membros de quadrilhas que querem ascender ao posto de comando da área após a morte ou prisão do antigo chefe.
Aluísio Mendes informou que a estatística comprova que o número de mortes é maior em bairros que já são conhecidos por registrarem mais crimes envolvendo o tráfico. Assim, de janeiro a outubro deste ano, os homicídios se concentraram na região da Cidade Olímpica (33 mortes), Centro (17), São Raimundo (14), Bairro de Fátima (13) e Anjo da Guarda, Coroadinho e Vila Embratel (11 mortes em cada).
“O tráfico é um grande fomentador da violência. Não só dos homicídios, como também dos assaltos e furtos. Além da disputa pelo ponto de venda, tem os roubos praticados para que o usuário possa comprar a droga. É um problema sério de violência e também estamos focando nossas ações no sentido de coibir essas práticas”, ressaltou o secretário.
De acordo com a SSP, nas operações relacionadas ao combate ao tráfico de drogas houve um aumento de mais de 620% na apreensão de crack, entre os anos de 2011 e 2012. “Nos últimos meses, o Denarc (Departamento de Narcóticos) conseguiu prender um grande número de traficantes, que eram líderes de quadrilhas. Com isso, outros traficantes passaram a disputar o comando do ponto de drogas. Hoje, trabalhamos na desarticulação desse movimento”, ressaltou.
Mais ações
A SSP também tem tido atuação forte na investigação e resolução de outras ocorrências. É o caso dos furtos, da recuperação de veículos e das ações de prevenção e combate aos assaltos a ônibus (coletivos), que sofreu diminuição de mais de 70%, a maior redução histórica.
A prisão de quadrilhas de arrombamento de caixas eletrônicos no Maranhão é outro saldo positivo no combate à violência. Ao assumir a SSP, o secretário Aluísio Mendes investiu em inteligência policial e implantou uma nova metodologia no combate a este tipo de crime. A média histórica era de 16 assaltos violentos por ano, sendo que em 2009 esse número foi de 19 assaltos.
“Em 24 meses conseguimos prender 17 quadrilhas. O Maranhão é o estado que apresentou a maior redução no Brasil em assaltos a bancos, aqueles assaltos violentos em que se toma uma cidade. De 2009 para 2010 conseguimos reduzir em mais de 80%. Este ano tivemos apenas dois assaltos com essas características. Em 2010 e 2011, foram registrados quatro casos em cada ano”, afirmou o secretário.
Também já foi possível constatar uma redução de 12% no número de assaltos e furtos registrados nos locais onde estão instaladas as câmeras de videomonitoramento. E os dados refletem o primeiro mês de funcionamento – as câmeras foram instaladas em setembro. “As imagens captadas auxiliam a SSP e direcionam as ações da polícia para fazer prisões em flagrante e também contribuem na apreensão de drogas. As ações serão intensificadas”, ressaltou Mendes.
O que é o Sigo?
O Sistema Integrado de Gestões Operacionais (Sigo) é um conjunto sistêmico que permite unificar, padronizar, organizar e incrementar ações e procedimentos, proporcionando a identificação imediata de áreas, setores, bairros, datas e horários críticos, reduzindo custos de tempo de ação e de toda a estrutura de segurança, propiciando ao Sistema de Segurança planejar trabalhos mais focados em combate à criminalidade. A ferramenta já é adotada por várias instituições de segurança no país.
Publicado em Justiça na Edição Nº 14553
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