Reunião debateu problemas de saúde pública em Imperatriz

Em reuniões realizadas em novembro, na sede da Procuradoria Geral de Justiça, em São Luís, foram discutidos os problemas da saúde pública de duas regionais do estado. No dia 11, o titular da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde de Imperatriz, Newton de Barros Bello Neto, e o procurador-geral de justiça, Luiz Gonzaga Martins Coelho, se reuniram com o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, para tratar de demandas urgentes, a fim de assegurar o direito à saúde no Município de Imperatriz.
E no dia 22, foi abordada a situação da saúde pública da Regional de Timon, bem como apresentadas alternativas para os problemas identificados. O encontro foi articulado pelo promotor de justiça de Defesa da Saúde de Timon, Antonio Borges Júnior.
Em relação a Imperatriz, o promotor de justiça Newton Bello destacou a necessidade da criação de uma central de regulação de leitos de UTI para atender à macrorregião de Imperatriz. O titular da Promotoria afirmou que a demanda de pacientes que necessitam de internação cresce diariamente, ocasionando extensas filas de espera e, por conta da demora, diversas mortes.
Diante do quadro, uma das medidas possíveis para amenizar a espera por leitos de UTI seria a descentralização da central de leitos de São Luís para Imperatriz. "Assim, a ocupação dos leitos seria feita de forma organizada, hierarquizada, criteriosa e transparente", afirmou o promotor de Defesa da Saúde.
A proposta é baseada no estudo realizado pelos integrantes do Projeto de Apoio ao Sistema Único de Saúde, promovido pelo Hospital Sírio Libanês, de São Paulo, após a solicitação da Promotoria de Justiça. O estudo faz parte do trabalho de conclusão de curso da especialização em Regulação do SUS, com aprovação e monitoramento do Ministério da Saúde.

Vantagens da descentralização
Na reunião, o titular da Promotoria da Saúde de Imperatriz explicou ao secretário Carlos Lula as vantagens da descentralização, como desafogar o pronto socorro, reduzir o tempo de exposição à infecção hospitalar, diminuição do tempo de espera e, principalmente, a redução do número de óbitos evitáveis. "Se o serviço for descentralizado, a estimativa é que haja redução de 24 horas na fila de espera, o que representa salvar vidas", enfatizou Bello Neto.
Também foram pauta da reunião a diminuição no atendimento e o risco de paralisação dos 20 leitos de UTI do Hospital Unimed, conveniado com o Estado do Maranhão. A suspensão dos exames de cateterismo, angioplastia coronária, angiografia cerebral e demais exames cardíacos pela empresa Central Hemodinâmica, contratada pelo Estado do Maranhão.
Os representantes do MPMA cobraram, ainda, a regularização do fornecimento de insulina aos pacientes de Imperatriz e providências para atendimento de pacientes de hemodiálise do SUS, em Imperatriz e Açailândia.

Timon
Coordenada pelo procurador-geral de justiça, Luiz Gonzaga Martins Coelho, o encontro contou com a participação do promotor de justiça de Defesa da Saúde de Timon, Antonio Borges Júnior, do deputado estadual Rafael Leitoa, da secretária-adjunta de Estado da Saúde (área jurídica), Lídia Schramm, do presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde e secretário de Saúde de Caxias, Vinicius Araújo, além de gestores e técnicos da área de saúde dos municípios que compõem a regional - Parnarama, Matões, São Francisco do Maranhão e Timon.
Pelo Ministério Público participaram também os promotores de justiça Justino da Silva Guimarães (chefe da Assessoria Especial da PGJ) e Reginaldo Júnior de Carvalho (integrante da assessoria).
Na reunião, Antonio Borges Júnior apresentou um detalhado diagnóstico da situação da saúde pública de Timon e municípios da região, com ênfase na dependência dos cidadãos maranhenses em relação ao sistema de saúde de Teresina. Dada a proximidade, a capital piauiense recebe muitos maranhenses em busca de atendimento médico. Segundo o membro do Ministério Público, por meio de um acordo entre os dois estados, pelo qual o Maranhão repassa ao Piauí, mensalmente, R$ 300 mil, foi possível a regularização do atendimento.
Entre outros pontos, foram debatidos também temas como os critérios para a distribuição dos recursos da saúde e a situação das unidades de saúde dos municípios, a exemplo da obra de ampliação do Hospital Alarico Pacheco, de Timon, que, após três anos do seu início, somente 30% dos serviços foram concluídos.
O promotor de justiça apontou, por outro lado, a existência de unidades hospitalares privadas na região que estão praticamente ociosas, como o Hospital Vitória, de Parnarama, que, no seu entendimento, poderia ser alugado ou mesmo comprado pelo estado para atender a população.

Propostas
Ao final da reunião, foi apresentado um conjunto de propostas que devem ser ainda aprofundadas em outras ocasiões e encaminhadas ao Governo do Estado. Entre estas, foram apontadas: conclusão das obras do Hospital Alarico Pacheco; regulação do Hospital Macroregional de Caxias, por cota, para cada município; aluguel do Hospital Vitória (rede privada de Timon); descentralização do Laboratório Central (Lacen), da Farmácia de Medicamentos Especializados (Feme) e do Hemonúcleo (Centro de Hematologia e Hemoterapia); estadualização do Hospital Vitória(do município de Parnarama); conclusão da Maternidade de Timon; aporte financeiro para implantação da média complexidade em Timon, a fim de garantir atendimento aos demais municípios.
O procurador-geral de justiça garantiu apoio às proposições e afirmou que vai tentar sensibilizar o Executivo estadual e o Governo Federal para que as mesmas sejam implementadas. (CCOM-MPMA)