A Secretaria de Segurança Pública (SSP), por meio da Polícia Civil, tem recebido, nos últimos dias, novas denúncias de casos de falsos sequestros seguidos de extorsão, ocorridos na capital. O falso sequestro é um crime no qual indivíduos ligam para a vítima dizendo que um suposto parente está sequestrado e, a partir disso, exigem o depósito de certa quantia em dinheiro para poder ‘libertar o sequestrado’.
Diante desses fatos, a Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) informa à população como se prevenir para não cair em golpes desta natureza, visando diminuir os índices de vítimas desse tipo de crime em São Luís e em cidades do interior.
Dados da Seic mostram que esse tipo de crime voltou a acontecer com bastante frequência nas últimas semanas. Em média são cerca de oito denúncias recebidas pela Seic. “Esse número representa apenas uma média, muitas pessoas caem no golpe, mas não levam o caso à polícia. Por conta disso, estamos novamente alertando a população sobre os riscos e como evitar para não se tornar mais uma vítima desse golpe”, avisou o delegado superintendente da Seic, Augusto Barros.
Em um dos últimos casos registrados na última quinta-feira (27), a vítima foi levada a acreditar que a esposa teria sido sequestrada, fato que o fez depositar a quantia de R$ 15 mil em uma conta bancária “laranja” repassada pelos autores do crime.
Normalmente esse golpe se inicia por uma ligação a telefones residenciais. O delegado Augusto explicou que, na maioria dos casos, isso acontece porque as casas não possuem identificador de chamadas e muitas vezes os bandidos tentam ligar de números restritos ou usando alguma técnica que dissimulam o número, tornando-os incompletos. “Ligando para residência, quem atende é uma pessoa idosa ou um funcionário da casa, aumentando a margem de obtenção de informações sobre os ocupantes da casa, se passando por um amigo, um parente ou uma empresa de telemarketing”, disse o delegado, orientando que é necessário a pessoa ter muita cautela e calma para evitar cair nesse tipo de golpe.

Investigações policiais

Segundo levantamentos dos trabalhos investigativos da Polícia Judiciária, os autores do crime são presidiários oriundos em grande parte do estado do Rio de Janeiro e Ceará, que vão ligando números aleatórios, têm acesso a listas telefônicas e testam os números aplicando golpes. Posteriormente os criminosos exigem que o resgate seja entregue em determinado local ou depósito em conta, geralmente em poupança da Caixa Econômica Federal (CEF), abertas com documentação falsa. São algumas características comuns a esses crimes.
“O sotaque, na hora da suposta negociação, é outro fator que ajuda a identificar que é um golpe. Um cearense e um carioca não falam como alguém que vive aqui no Maranhão. Além disso, os DDD 85 e 21 também são fatos que devem ser percebidos pela população”.
Alguns atos são sempre repetidos nestas ligações, entre eles como perguntar se a pessoa tem filhos, pai ou mãe e se estes se encontram em casa. E para intimidar ainda mais a vítima, eles colocam uma pessoa chorando se passando pelo parente sequestrado, forçando o interlocutor a pagar rapidamente.
De acordo com Augusto Barros, o criminoso utiliza o estado emocional da família para concretizar o plano. Nesse momento, conforme o delegado, é que a vítima, sem perceber, fornece informações sobre todo o grupo familiar. Por isso é necessário ter muito cuidado e manter a calma nessa hora. Os criminosos utilizam a lista telefônica para descobrir os números de telefones e endereços de possíveis vítimas.
O titular da Seic também recomenda que no caso de atender uma ligação desse tipo, nunca se deve passar informações, como por exemplo, do nome de algum familiar. “A pessoa deve tentar entrar em contato com o suposto sequestrado, enquanto continua na linha com o golpista, e imediatamente procurar a polícia, ao invés de levantar qualquer quantia”, acrescentou.
O delegado alerta ainda sobre informações pessoais postadas em redes sociais. Segundo ele, nas unidades prisionais, os criminosos têm acesso a aparelhos celulares com recursos mais avançados e eles acabam vasculhando perfis diversos.
A SSP vem mantendo constante contato com as Secretarias de Segurança de outros estados e também com a Polícia Federal, cruzando informações para identificar e autuar estes criminosos. A inteligência policial tem desenvolvido várias ações para identificar os envolvidos, que consistem em uma das etapas, na quebra dos sigilos telefônico e bancário, por meio de ordem judicial. Quem for identificado cometendo o crime de extorsão pode pegar até 10 anos de detenção.

Dicas para prevenir
falso sequestro

1. Mantenha a calma ao atender qualquer chamada que esteja relacionada a este crime. Esta medida ajuda a reconhecer se a ligação é verdadeira ou não;
2. Alerte todos os moradores de sua residência, principalmente idosos, crianças e funcionários a não fornecerem dados pessoais, como nomes, número de quantas pessoas reside no local, telefone ou hábitos sobre os moradores da casa. Estas informações podem ser utilizadas para o criminoso conhecer sua família;
3. Ao realizar a ligação, o criminoso sempre demonstra ter pressa em finalizar as negociações;
4. Tente prolongar a conversa com o suposto negociador, e enquanto isso se certifique que a ‘suposta’ pessoa sequestrada esteja bem. Para isso, utilize outro telefone celular e tente localizar o mais rápido possível a pessoa indicada no sequestro;
5. Se você cair no golpe, não deixe de prestar queixa na polícia. De posse de informações como o número de origem da chamada criminosa ou o número da conta em que o “resgate” foi depositado, a polícia pode identificar o criminoso e evitar que mais pessoas sejam vítimas. Em São Luís, a Seic fica localizada no Bairro de Fátima (antigo prédio da Rádio Timbira). Os telefones para contato são (98) 3214 8659 e 3214 8662, que também estão à disposição do cidadão;
6. A vítima pode manter contato ainda com o Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), pelo 190, ou com o Disque Denúncia (3223 5800 - capital e 0800 313 5800 - interior).