Hemerson Pinto
“Queremos apenas ver preso o assassino que matou meu filho”, disse Francisca Pires, mãe do jovem Marcelo Pires Silva, 18 anos, morto a pedradas na madrugada do sábado, 25 de janeiro, na Vila Cafeteira, bairro onde morava. No mesmo dia, o suspeito de cometer o crime se entregou à polícia. Josival Lira Ferreira, 20 anos, foi solto pela Justiça antes de o corpo ser enterrado. A família quer a prisão.
Na manhã de ontem, amigos e parentes do jovem assassinado e até pessoas que não o conheciam, mas se sensibilizaram com a causa, tomaram a frente do Fórum de Justiça Henrique de La Rocque, no centro de Imperatriz. Os manifestantes usaram cartazes e carro de som para divulgar que estão insatisfeitos com a decisão judicial que colocou Josival em liberdade, mesmo depois de confessar a autoria do homicídio. A motivação teria sido ciúmes. Pivô? Seria a namorada, ou esposa, do suspeito.
“Deixou a comunidade abalada pelo modo covarde com o qual esse rapaz foi assassinado. O que mais revolta é que em menos de 24 horas o suspeito foi preso, mas na verdade quem está preso é o Marcelo, que foi quem morreu. Era um jovem que tinha futuro, iria começar a servir ao Exército. Abalou todos nós que somos pais e estamos passando pela mesma dor, por isso estamos aqui apoiando a família”, disse o líder comunitário Raimundo José Bezerra.
O eletricista Reginaldo Silva, pai de Marcelo, ainda acredita que a justiça será feita. “Estamos pedindo que o juiz que estiver no caso determine a prisão dele para que a polícia possa fazer o trabalho e prender o assassino do meu filho. Acredito no promotor que está no caso e no juiz”. No Fórum, a família não conseguiu falar com o juiz que atende o caso e seguiu com o protesto até a Câmara Municipal de Vereadores.
Na casa de leis os vereadores receberam o grupo de moradores da Vila Cafeteira e abriram espaço para discutir o assunto. O vereador João Silva comentou que a Justiça se baseou na lei para soltar Josival. “Eu jamais diria que o juiz é irresponsável, agiu pela lei. Se ele não pusesse o rapaz (Josival) em liberdade naquela hora, a família poderia apresentar um advogado e relaxava a prisão”, disse, explicando que o suspeito poderia ser preso posteriormente, quando a prisão fosse decretada.
O vereador Raimundo Roma rebateu o comentário de João Silva e a postura da Justiça diante do caso Marcelo. “O vereador está se baseando pela lei, mas questionamos a sensibilidade do ser humano (juiz responsável pelo relaxamento da prisão). Pode ter sido dentro da lei, mas foi deselegante. Somos sensíveis à dor da família do Marcelo.
Outros vereadores também reprovaram o posicionamento inicial da Justiça. “O juiz não é Deus. Houve uma análise fria pela letra”, comentou Carlos Hermes, que pediu providências do judiciário diante do caso.
A juíza aposentada Maria das Graças Carvalho estava na Câmara de Vereadores no momento em que o protesto chegou à casa. Pelo que observou sobre o caso, a magistrada aceitou opinar sobre o assunto com a nossa reportagem. “O juiz pode ter relaxado o flagrante. A lei diz que a pessoa que comete o crime e foi presa em flagrante, esse flagrante deve ser enviado imediatamente ao juiz, que vai analisá-lo e constatar se estão presentes os requisitos que tem a lei. O juiz analisa o auto do flagrante que foi apresentado pela autoridade policial, se obedece os requisitos; se não obedecer, obrigatoriamente tem relaxada a prisão. Não é vontade dele, a lei manda fazer”, analisou.
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