Marco Amorim representou o PGJ no evento
Erica Veras ministrou palestra e oficina
Nahyma Abas ressaltou a importância de esforço coletivo no combate à violência contra a mulher
Segundo Alline Pires, treinamento faz parte de mobilização nacional
Capacitação foi voltada a profissionais que atuam na defesa da mulher

O Ministério Público do Maranhão realizou, nessa segunda e terça-feira, 27 e 28, capacitação destinada a profissionais e representantes de instituições que atuam na defesa da mulher. A programação foi realizada no auditório das Promotorias de Justiça de Imperatriz em alusão aos 16 dias de ativismo mundial contra a violência de gênero.
No primeiro dia, foi ministrada a palestra "As faces da violência de gênero contra a mulher". No segundo, uma oficina sobre a experiência de criação de um grupo de acompanhamento de homens agressores. Ambas as programações foram ministradas pela promotora de justiça do Rio Grande do Norte, Erica Canuto de Oliveira Veras.
O evento contou com representantes da Defensoria Pública, Secretaria de Estado da Mulher, Legislativo Municipal e Estadual, Ampem, Ordem dos Advogados do Brasil, Delegacia da Mulher, Secretarias Estadual e Municipal de Saúde, Polícia Militar e sociedade civil.
"Estamos aqui, nesse evento, para reafirmar que a construção de uma sociedade mais justa para as mulheres é dever de todos nós", afirmou o promotor de justiça e diretor da Secretaria para Assuntos Institucionais, Marco Antonio Amorim, que representou o procurador-geral de justiça, Luiz Gonzaga Martins Coelho.
Na avaliação da diretora das Promotorias de Justiça de Imperatriz, Nahyma Ribeiro Abas, o número de casos de feminicídio e violência de gênero têm aumentado, necessitando um esforço coletivo para seu combate. "As pessoas acham que violência de gênero é um problema de casal, mas na verdade é uma causa de todos nós. Que possamos discutir e nos conscientizar da problemática e suas consequências", ressaltou a promotora de justiça.
A organizadora do evento, titular da 8ª Promotoria de Justiça Especializada de Defesa da Mulher, Alline Matos Pires, destacou que o treinamento faz parte de uma mobilização nacional envolvendo diversos setores da sociedade civil e poder público.
"Os índices de violência contra a mulher em nosso país são exorbitantes. Precisamos, em uma união de esforços, promover uma desconstrução dessa cultura machista e patriarcal que tanto tem gerado números elevados de violência contra as mulheres", afirmou a promotora de justiça Alline Matos.

Palestra e oficina

Coordenadora de um grupo que reúne homens envolvidos em violência doméstica para refletirem sobre seus atos, Erica Veras falou sobre a experiência aplicada pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte.
Ela lembrou que o Maranhão é o quinto estado brasileiro com maior índice de violência contra mulher. "Ou a gente tenta entender como isso se formou, ou vai colocar delegacia em todo lugar e não vai resolver. Hoje a gente só enfrenta o problema final, mas não enfrenta a causa", interpelou.
A palestrante também relatou fatos em que mulheres foram apagadas da história. Cientistas que escreviam artigos não podiam entrar para a comunidade científica simplesmente pelo fato de serem mulheres e entregavam seus trabalhos para que homens pudessem assinar por elas, da mesma forma que muitas mulheres artistas tiveram seu trabalho dificultado ao longo da história. Estas também pediam para que homens assinassem seus trabalhos por não serem aceitas no meio artístico.

Grupo de reflexão

Na oficina, Erica Veras orientou sobre como formar um grupo de reflexão com homens envolvidos em casos de violência de gênero. Ela citou dados de uma pesquisa, de 2016, do Instituto Avon em que, entre os resultados, 31% dos entrevistados disseram que gostariam de rever suas atitudes machistas. Ainda de acordo com a pesquisa, seis em casa dez homens gostariam de mudar suas atitudes com relação às mulheres.
Entre as formas de conduzir os grupos, ela citou uma das técnicas, que é confrontá-los com mitos sobre violência de gênero. Entre as várias frases apresentadas, ela citou o exemplo: "Mulher apanha do marido porque gosta". Assim, os participantes são questionados acerca da assertiva e estimulados a refletirem sobre as consequências da violência.
A representante do Ministério Público informou que os participantes do grupo passam, em média, seis meses fazendo esse tipo de acompanhamento. Em seguida, a equipe faz uma visita ao domicílio deles e analisa o que mudou no comportamento do acompanhado e da família como um todo. Segundo a promotora, nenhum homem que participou do grupo até o momento voltou a praticar violência contra a mulher.
Também participaram do evento os promotores de justiça Raquel Chaves Duarte, Alenilton Santos, Alessandro Brandão, Carlos Róstão Freitas, Jadilson Cirqueira, Lucas Mascarenhas, Newton Bello Neto e Leonardo Novaes Bastos. (Iane Carolina / CCOM-MPMA)