Em evento aberto pelo desembargador do Tribunal de Justiça do Maranhão, Antonio Fernando Bayma Araújo, em Imperatriz, nessa segunda-feira (19), foi apresentado o projeto "Mediar para Educar", coordenado pela juíza Ana Beatriz Jorge de Carvalho Maia, titular da 2ª Vara Cível e coordenadora do Núcleo de Solução de Conflitos daquela Comarca. Na solenidade, o desembargador Antonio Fernando Bayma Araújo - decano da Corte estadual de Justiça - elogiou o projeto e parabenizou a magistrada Ana Beatriz Maia e a advogada Milena Faria, que idealizaram as atividades do programa.
"É uma ideia brilhante que foi abraçada por magistrados e pela comunidade. A sociedade precisa conhecer este projeto, cujo escopo revela uma educação infantil voltada para o respeito, a tolerância, a alegria, que combate o ódio e inimizades e preza por uma cultura da paz. Os gestores públicos precisam abraçar esta proposta, que deve ser adotada em todas as escolas do Estado", sugeriu o desembargador, que na oportunidade representou o presidente do TJMA, desembargador Cleones Cunha, e a corregedora-geral da Justiça, desembargadora Anildes Cruz.
A condução da solenidade - realizada no pátio do Centro Educacional Casa do Estudante de Imperatriz - ficou a cargo do juiz titular da 2ª Vara de Família, Adolfo Pires da Fonseca Neto, ao som da Banda de Música do Quinquagésimo Batalhão de Infantaria de Selva (50º BIS). magistrados da comarca, autoridades, professores, pais e alunos prestigiaram o evento. O projeto "Mediar para Educar" - desenvolvido desde abril de 2017 - tem como objetivo implantar a cultura de conciliação e mediação nas escolas, por meio de capacitações e novos estímulos à harmonia desde a infância, tornando o diálogo um instrumento eficiente para a resolução de conflitos.
As ações serão acompanhadas pelo Judiciário, no Centro Educacional Casa do Estudante, primeira escola a desenvolver o projeto com 145 crianças e adolescentes da educação infantil e fundamental.
Tolerância e respeito - A juíza Ana Beatriz Jorge de Carvalho Maia explicou que a ideia é aprimorar as ações restaurativas na resolução de conflitos humanos a partir de práticas que têm como bases fundamentais o respeito, a empatia, a solidariedade e a responsabilidade social no espaço escolar.
De acordo com a magistrada, visando promover o envolvimento dos alunos, professores e familiares, a escola tem atuado de modo a oportunizar um verdadeiro laboratório de práticas em torno da mediação escolar. "Estamos realizando o projeto-piloto na Cidade de Imperatriz, que será a base para construção de ações e atividades a serem multiplicadas em toda a rede de ensino da cidade", salientou.
Ela ressaltou a importância dos parceiros para elaboração da cartilha ilustrativa de mediação, distribuída na escola e que serve de instrumento de ação. "O manual de práticas de mediação escolar será o fio condutor das ações de mediação em todas as escolas do Município", justificou.
O juiz da Vara da Infância e Juventude da Comarca, Delvan Tavares Oliveira, agradeceu o empenho dos comissários da infância e juventude na implantação do projeto na região. "Foi um desafio, nós aceitamos prontamente porque percebemos que o projeto vai além da diminuição de conflitos na escola. Ele é um disseminador da cultura de paz, contra a intolerância e a violência", afirmou.
Cooperação - Um termo de cooperação técnica para execução e funcionamento do projeto "Mediar para Educar" foi celebrado entre o TJMA e o Centro Educacional Casa do Estudante de Imperatriz. A parceria visa à instalação e funcionamento de um Centro Judiciário de Solução de Conflitos para Mediação Escolar, conforme Resolução 125 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Assinaram o documento o desembargador decano da Corte, Antonio Fernando Bayma Araújo; o secretário estadual da Educação, professor Felipe Camarão; e o prefeito municipal de Imperatriz, Francisco de Assis Ramos.
Prática - A diretora pedagógica do Centro Educacional Casa do Estudante, Flávia Marchiori, relatou que foram realizados treinamentos com os professores e oficinas de mediação com os alunos. Ela disse que a instituição tem o apoio dos pais no incentivo da prática dos conhecimentos em casa e na escola.
"A escola é lugar de conflitos, daí o projeto ensina a ver isso como oportunidade de aprendizagem. Os alunos aprendem a se colocar no lugar do outro, a se relacionar com os amigos de maneira mais construtiva. Por isso, a comunidade escolar precisa conhecer ferramentas, estratégias e habilidades que possibilitem o gerenciamento dos conflitos de forma harmônica e pacífica", frisou.
Como exemplo, a diretora pedagógica anunciou o painel com cerca de 60 mensagens escritas pelos pais dos alunos participantes do projeto como incentivo à iniciativa. Ela ainda apresentou a turma do maternal (crianças com até dois anos de idade) que fez uma demonstração do "trenzinho da mediação". As crianças da Educação Infantil (de 3 a 5 anos) cantaram a música "Respirar e Acalmar". Alunos do 8º ano (13 anos) apresentaram o "Rap da Mediação".
"A mediação contribui muito para o exercício da paz e é isso que fazemos os alunos perceberem e aprenderem. Entendemos que somos um embrião de uma ideia de pacificação social, pois acreditamos numa educação mais humana e solidária", explicou a diretora.
A aluna do 7º ano, Mariana Freire (12 anos), conta como a mediação lhe ajudou a entender melhor um desentendimento com uma colega de turma. "Eu senti muita raiva, mas depois um outro colega pediu para conversarmos e isso nos ajudou. Pedimos desculpas uma a outra e voltamos a nos falar", pontuou. Luís Eduardo de Barros (9 anos) revelou que gosta muito do projeto e que aprendeu o que é empatia. "Eu sei que não devo bater em ninguém, mas sempre pensar em como seria se eu estivesse no lugar da pessoa", disse.
Por meio do projeto, são desenvolvidas ferramentas para o empoderamento dos alunos na resolução de conflitos e aprimoramento de suas relações de convivência, contribuindo para o desenvolvimento de valores sociais imprescindíveis às crianças e aos jovens, tais como o respeito, a empatia, solidariedade e a responsabilidade social. O projeto incentiva os alunos a propagarem o que está sendo aprendido em relação à mediação de conflitos na escola para o espaço familiar, na busca do diálogo entre todos e na comunicação não violenta entre as pessoas. (Andréa Colins - Asscom) TJMA)
Publicado em Justiça na Edição Nº 15906
Comentários