Hemerson Pinto
A denúncia foi feita a O PROGRESSO por uma sobrinha da aposentada Raimunda Marinho Linhares, 87 anos. Raimunda é moradora do município de São Miguel, vizinho estado do Tocantins. Há pelo menos duas semanas ela está em um casebre numa área de invasão propícia a alagamentos, próximo ao rio Tocantins.
A professora Francisca Linhares é filha de um irmão de Raimunda. A sobrinha mora em Imperatriz e afirma que desde que soube que a tia teve a casa confortável, em São Miguel, vendida por parentes que moram com a idosa, viu necessidade ainda maior de levar o caso a público para chamar a atenção das autoridades e provar a amigos e pessoas que a conhecem que a tia vive em situação precária por ser obrigada.
“Vive com o filho mais velho e dois netos. Eles vivem direto com ela e ninguém consegue separar. Tem outro filho que quer cuidar dela, como o resto da família. Estamos em situação que não podemos visitar mais ela. Quem não conhece pode achar que a família não interessa em cuidar. Se chegar lá e perguntar se ela quer vir embora, ela diz que não. Eles ameaçam ela dizendo pra ela não sair ou contar pra alguém. Eles chegam ao ponto de bater nela, agredir fisicamente e verbalmente”, expõe a professora.
Na casa onde Raimunda vivia, na sede do município de São Miguel, existiam dois quartos, água potável, banheiro dentro de casa, uma pia para lavar louças e outra para lavar roupas. O imóvel foi adquirido pela aposentada por meio de programa do Governo Federal. “A venda da casa foi a última gota d’água”, desabafa Francisca.
As fotos tiradas às escondidas foram cedidas pela sobrinha e mostram o casebre onde dona Raimunda foi colocada. “É um cubículo, sem água, sem energia, sem a menor condição de vida, sem banheiro. É um local alagadiço, próximo ao rio Tocantins, em um terreno de invasão. Queremos tornar a questão pública para chamar atenção das autoridades, serviço social, promotoria”, diz a professora.
Na época da venda da casa, Francisca e um irmão chegaram a conversar com a pessoa que havia comprado. “Pedimos para ele desfazer o negócio, mas não desfez. Fomos à promotoria e o promotor nos encaminhou para o judicial. Meu irmão ficou com medo deles [filhos e netos da idosa] fazerem alguma coisa e acabou deixando de lado”, explica.
Antes da denúncia, Francisca fez uma visita à tia, na última terça-feira. Segundo a professora, a idosa a mandava se retirar. “Ela mandava eu ir embora, com medo de eles fazerem alguma coisa. Já fui ameaçada e estou tomando minhas providências. Ela não vê o dinheiro do aposento, que é menos de R$ 500, por causa de um empréstimo feito para comprar uma moto para um dos netos”, revela.
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