O Ministério Público do Maranhão concluiu, em 25 de julho, as atividades do grupo reflexivo Novo Olhar, em Imperatriz, que reúne homens autores de violência contra a mulher. O objetivo é levar os participantes a refletirem sobre suas ações e prevenir novas agressões.
Uma nova turma, com 10 participantes, será iniciada em 20 de agosto. A iniciativa é da 8ª Promotoria de Justiça de Imperatriz, com atribuição na defesa da mulher. O trabalho é desenvolvido em parceria com o Poder Judiciário (Vara de Violência Doméstica e Familiar de Imperatriz) e Defensoria Pública Estadual.
As atividades do grupo foram iniciadas em 25 de abril com sete participantes, todos envolvidos em situação de violência contra a mulher e encaminhados pelo Poder Judiciário. Foram realizados 10 encontros semanais, na sede das Promotorias de Justiça de Imperatriz.
De acordo com a promotora de justiça Alline Matos Pires Ferreira, o trabalho foi inspirado no grupo reflexivo “Por uma cultura de paz”, do Ministério Público do Rio Grande do Norte, um dos pioneiros do Brasil. “O grupo se propõe a ser um ambiente de respeito e escuta compartilhada, estimulando os participantes à resolução de conflitos, por meio do diálogo e estímulo a práticas não violentas”, explicou.
Em cada encontro semanal, com duração de duas horas, os participantes refletiam sobre suas atitudes nas relações com as mulheres. “Esse processo de sensibilização é o primeiro passo para a mudança”, avaliou a titular da 8ª Promotoria de Justiça de Imperatriz.
Os encontros são conduzidos por uma equipe de três assistentes sociais do MPMA, uma da Defensoria Pública e uma psicóloga voluntária. As conversas abordam questões de gênero, raízes da violência contra a mulher, masculinidade, machismo, Lei Maria da Penha, direitos humanos, saúde do homem, álcool e drogas, além de temáticas afins.
Na avaliação da promotora de justiça, trabalhar com os homens é fundamental para promover a proteção integral da mulher. “Não iremos avançar nessa questão se não for proposto ao causador da violência um espaço de reflexão, visando uma mudança de comportamento. A proposta é estimular comportamentos e relacionamentos saudáveis”.
Alline Pires Ferreira destaca, ainda, que a resistência inicial dos participantes é vencida na medida em que refletem sobre as consequências da violência e o impacto disso nas próprias vidas.
A opinião é compartilhada pela assistente social Celda Bandeira de Sousa, servidora do MPMA que faz parte da equipe de instrutoras do grupo reflexivo. Ela explica que a questão da raiva e agressividade é trabalhada nas conversas com os homens. “Eles relatam que nunca tiveram um momento para refletir sobre seus atos e como evitar a violência”.
Segundo a assistente social, as reflexões em grupo levam os homens a avaliarem suas condutas e esse movimento é importante para romper o ciclo da violência. “Em seus depoimentos, na conclusão dos trabalhos, os participantes relatam uma convivência mais saudável nos novos relacionamentos”. (Johelton Gomes/CCOM-MPMA)
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