Atualização de conhecimentos sobre a rotina investigativa, aprofundamento em novas nomenclaturas de crimes como o Feminicídio e os cibernéticos, além de promover a integração entre as delegadas da Mulher no Maranhão. Com estes objetivos, o 'I Encontro de Delegadas da Mulher do Estado do Maranhão', em seu segundo dia, promoveu o debate sobre crimes sofridos pelas mulheres na rede de internet. O encontro é o primeiro deste porte realizado por uma gestão estadual.
Representantes de Delegacias da Mulher de todas as regiões do estado reforçaram a participação no evento trocando experiências e tirando dúvidas. Palestras com foco no enfretamento à violência contra o segmento, incluindo feminicídios, ameaças, crimes sexuais e demais ocorrências também integraram a programação. O encontro é uma promoção do Governo do Maranhão, coordenado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-MA) e prossegue até esta sexta-feira (2), no Complexo de Comunicação da Assembleia Legislativa. 
A proposta é trabalhar os temas referentes aos crimes contra a mulher de forma mais minuciosa e específica, para que, ao longo das investigações, possam ser identificados e adequadamente tipificados como crimes de gênero, se for o caso. É o que explica a coordenadora das Delegacias da Mulher do Maranhão (Codevim), Kazumi Tanaka. "É uma capacitação exclusiva às delegadas que atendem a mulher em situação de violência e corrobora com a iniciativa do Governo do Maranhão em implantar uma rede especializada no atendimento destes casos, a exemplo do Departamento de Feminicídio e as políticas públicas de referência", disse a delegada Kazumi Tanaka.
Para a delegada da Mulher de São Luís, Vanda Moura, o diferencial é que, apesar de serem temas do cotidiano de trabalho, alguns são novos como os crimes cometidos pela internet e requerem uma investigação mais específica. "Dessa forma, teremos a possibilidade de obter maior resolutividade destes casos e, sem dúvidas, acrescentar muito ao trabalho investigativo", avaliou.
Na avaliação da titular da Secretaria de Estado da Mulher (Semu), Laurinda Pinto, o trabalho investigativo, para que tenha total êxito, requer especialização. Ela frisou que as ações deste porte vêm contribuir para o alcance de metas e mais qualidade no atendimento. "O Maranhão está bastante organizado em sua rede de proteção à mulher vítima de violência e a capacitação permanente é mais um passo dessa especialização. Por tudo isto, o evento é de grande importância para fortalecer esta rede e integrar os profissionais e instituições", disse a secretária Laurinda Pinto. 
A titular da Delegacia de Santa Inês, Joselma Márcia Sousa Almada, avaliou o evento como mais um meio para a articulação entre as delegacias e destacou o pioneirismo da proposta. "Estamos recebendo várias informações de modalidades de crimes com os quais já lidamos no cotidiano, mas que agora são aprofundados. É importante para que possamos perceber com mais minuciosidade e não se percam ou se confundam no momento da perícia", destacou. 
Outros assuntos discutidos durante o encontro foram a articulação em redes para que o atendimento à mulher seja mais eficaz, os mecanismos de combate já desenvolvidos pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP), o trabalho de perícia dos casos de feminicídio e as diretrizes de investigação. As delegadas participaram ainda de uma oficina de mídia trainning para o atendimento à imprensa. O encontro é promovido com participação de representantes das Secretarias de Estado da Saúde (SES) e da Mulher (Semu). 

Rede Especializada
O Maranhão está entre os primeiros do país a implantar a Coordenação de Delegacias da Mulher (Codevim). O órgão é uma indicação do Governo Federal aos Estados com mais de 10 delegacias da Mulher - no Maranhão, são 20. O estado conta ainda com o Departamento de Feminicídio que recebe os casos caracterizados como tal e as investigações seguem as diretrizes do Planejamento Operacional Padrão (POP), instituído pela Delegacia Geral de Polícia Civil e que deve ser cumprido nestes casos. 
A criação dos dois órgãos integra o conjunto de políticas públicas voltadas para a defesa da mulher e seguem direcionamento da Organização das Nações Unidas - ONU Mulher. "Com a ONU Mulheres, o Maranhão acordou para a criação de instrumentos, políticas públicas diferenciadas e instituições especificas para o atendimento à mulher que sofre violência e combate aos crimes de gênero", avaliou Kazumi Tanaka. As instituições funcionam na sede da Secretaria de Segurança Pública, na Vila Palmeira. (Sandra Viana)