O processo de globalização que levou muitas pessoas a saírem do campo em direção às cidades foi fundamental para a perda da tradição culinária, o que resultou na diminuição da produção e consumo das hortaliças tradicionais. A opinião é do pesquisador Nuno Madeira da Embrapa Hortaliças (Brasília/DF) que iniciou um trabalho de resgate dessas hortaliças. São mais de quarenta espécies como o ora-pro-nobis, araruta, mangarito, peixinho, azedinha, bertalha, serralha, entre outras.
O ponto de partida foi a produção caseira do pesquisador que possui uma horta com várias dessas plantas. Ele percebeu que não havia muitos trabalhos de pesquisa com as espécies. “Apesar de existir trabalhos pontuais com as hortaliças tradicionais, não era algo concatenado. A partir daí, tivemos a ideia de entrar em contato com parceiros para buscar o resgate da produção e do consumo dessas hortaliças”, afirmou.
Em entrevista ao programa Conexão Ciência, nessa terça-feira (6), Nuno explicou que as hortaliças tradicionais, ou hortaliças não convencionais, são aquelas que não possuem uma cadeia produtiva como espécies mais comerciais como a cebola, tomate e repolho, mas que ainda são mantidas por populações tradicionais como agricultores familiares, ribeirinhos e quilombolas.
Para Nuno, resgatar espécies tradicionais é importante pela rusticidade que apresentam, o que evita o ataque de pragas e doenças, não precisam de agrotóxicos, custo de produção é mais baixo e possuem características nutricionais importantes como fontes de carboidratos e proteínas.
Para garantir a continuidade de produção das hortaliças tradicionais várias ações estão sendo feitas como a manutenção da coleção do material base na Embrapa Hortaliças, o estabelecimento de bancos comunitários de multiplicação das sementes e a disponibilização de informações por meio de publicações aos públicos de interesse.