BRASÍLIA - A Confederação Nacional da Indústria (CNI) alerta que a redução de 50% na contribuição feita pelas empresas às entidades que integram o Sistema S, pelo período de três meses, afetará, de forma drástica, o trabalho realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e pelo Serviço Social da Indústria (SESI ) em todo o país, na formação e preparação de mão de obra, na educação básica de jovens de baixa renda e no atendimento à saúde do trabalhador.
Pode inviabilizar também as diversas ações que as duas entidades têm realizado para ajudar o país a enfrentar a pandemia da covid-19, como a manutenção de milhares de respiradores mecânicos, fundamentais para pessoas infectadas com o novo coronavírus. O corte de recursos foi oficializado por meio da Medida Provisória 932/2020, publicada nesta terça-feira (31/03) no Diário Oficial da União.
"A iniciativa do governo federal vai na contramão do que está sendo feito em diversos países, no sentido de ampliar a proteção social da população neste momento da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus", afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade. "Ao reduzir os recursos destinados ao SESI e ao SENAI, sob a justificativa de aliviar o caixa das empresas, o governo cria outro problema muito maior: desarticula e, em alguns casos, inviabiliza a principal rede de apoio à tecnologia e à inovação de empreendimentos industriais, bem como para a formação profissional e a saúde e segurança de milhões de trabalhadores em todas as regiões do país", acrescenta.
De acordo com o presidente da CNI, o SESI e o SENAI e as demais entidades que integram o Sistema Indústria, como as federações estaduais, em conjunto com as associações setoriais, estão fazendo a sua parte, contribuindo de forma expressiva para atender as áreas que exigem mais atenção nesse momento difícil: a saúde e a educação de milhões de trabalhadores brasileiros. Segundo ele, esses esforços são fundamentais para reforçar a capacidade de atendimento da rede pública, aumentar a produtividade da indústria e a empregabilidade dos trabalhadores, além de fortalecer a pesquisa aplicada no país.
Robson Andrade ressalta também que as micro e pequenas empresas são as maiores beneficiárias do Sistema S e, apesar disso, não contribuem para sua manutenção. E ainda que o provável aumento do desemprego, em virtude das restrições à atividade econômica para combater a pandemia, já trará uma redução substancial das receitas do Sistema. "Em apenas quatro das 27 unidades da Federação brasileira, o Sistema Indústria terá condições plenas de enfrentar três meses de cortes no orçamento, devido à especificidade das contribuições e da conformação do PIB industrial em cada estado", informa.

FECHAMENTO DE ESCOLAS, VAGAS DE QUALIFICAÇÃO E DEMISSÕES DE TRABALHADORES
Estimativas do SENAI dão conta de que 136 centros de educação profissional e de serviços tecnológicos e de inovação podem ser fechados e 830 mil vagas de qualificação profissional podem deixar de ser ofertadas.
No SESI, 150 escolas e centros de atendimento à saúde do trabalhador também devem ser fechados e 217 mil vagas para alunos de educação básica e continuada deixarão de ser ofertadas. Outras 1,9 milhão de pessoas deixarão de ser beneficiadas com atendimentos em saúde, assim como 204 mil vacinas não serão aplicadas. "Somos uma rede de proteção social dos trabalhadores da indústria e milhares de famílias brasileiras. O eventual corte aprofunda ainda mais a crise que estamos vivendo", ressalta Robson Andrade.
"O corte dos recursos que custeiam a estrutura de ciência e tecnologia mantida por SESI e SENAI implicará também na demissão de pessoal e no Maranhão não será diferente", lamenta o presidente da FIEMA, Edilson Baldez das Neves.

IMPACTO NAS AÇÕES DE AJUDA AO COMBATE DO CORONAVÍRUS
Além de descontinuar diversos serviços e prejudicar milhões de jovens e trabalhadores e suas respectivas famílias, a redução nas contribuições das empresas pode inviabilizar também os esforços que o SENAI e do SESI têm feito para ajudar o combate à pandemia do novo coronavírus. Em ação articulada com associações setoriais e federações estaduais da indústria, o SESI e o SENAI já estão realizando diversas ações direcionadas a suprir hospitais públicos com insumos e equipamentos necessários ao tratamento de doentes, como máscaras, aventais e respiradores mecânicos. Além disso, as duas entidades destinaram R$ 15 milhões em recursos, via Edital de Inovação, para projetos destinados a prevenir, diagnosticar e a tratar a Covid-19.
O SENAI também já colocou à disposição, de forma gratuita, 100 mil vagas em cursos a distância sobre a indústria 4.0. O SESI, por sua vez, está realizando vacinações contra H1N1 em diversos estados e tem capacidade para realizar 1,4 milhão de imunizações.
Caso haja este corte, todas as ações em andamento podem ser prejudicadas ou, até mesmo, inviabilizadas.  "O Sistema Indústria está à disposição das autoridades brasileiras para adotar outras iniciativas que se façam necessárias no combate ao Covid-19 e no esforço para a recuperação da economia. Para isso, entretanto, é fundamental que a redução nas contribuições feitas pelas empresas ao SESI e ao SENAI sejam revistas e mantidas no patamar atual, para que possamos ajudar a salvar empresas, empregos e, sobretudo, vidas humanas", defende Robson Andrade.

SESI E SENAI NO MARANHÃO
O presidente da FIEMA, Edilson Baldez chama atenção também para o fato de que, nos últimos meses, o SESI e o SENAI têm realizado diversas ações voltadas para o combate ao coronavírus e ao fortalecimento da economia e a geração de empregos.
O SESI-MA disponibilizou ao Governo toda a sua estrutura no Maranhão de unidades fixas e móveis para a campanha de vacinação do H1N1 e o SENAI-MA, está produzindo máscaras, em impressoras 3D, para destinar a médicos e técnicos que atuam na área de saúde, em apoio ao combate do coronavírus, numa iniciativa conjunta de vários parceiros locais, entre eles a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (Secti), UFMA, IFMA, IEMA, além de profissionais autônomos.
"Grande parte do importante trabalho desenvolvido pelas duas entidades terá que ser descontinuada, principalmente os serviços de saúde e educação - exatamente aqueles que a sociedade mais precisa neste momento de crise", lamenta Baldez. (Coordenadoria de Comunicação e Eventos do Sistema FIEMA)