Desde que foi publicado o livro “A Origem das Espécies” em 1859, de Charles Darwin, em que o naturalista inglês detalha os conhecimentos adquiridos em sua viagem no navio Beagle pelo mundo, especialmente pela América do Sul e sugere uma teoria para a evolução da vida no planeta.
Para ele, a diversidade que se observa deve ser produto da evolução, as espécies dão origem a outras espécies, através de mudanças mínimas e sutis, mas com tempo suficiente os resultados podem ser espetaculares.
Curiosamente, o na primeira edição, o livro chamava-se “On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life” ou “Da Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida”. Somente na sexta edição de 1872 o título foi abreviado.
A explicação que Darwin ofereceu era tão simples que hoje parece óbvia, mas mesmo assim, a explicação de como a evolução funciona estava repleta de lacunas e as provas eram fracas, tanto que ele confiou que os cientistas completariam seu trabalho e provariam a teoria.
Havia muito poucos fósseis ou exemplos para entender, como um dos conceitos básicos da Teoria que é Seleção Natural, como comprovar algo desse porte, onde achar as evidências? E esse conceito foi afastado quando o botânico holandês, Hugo de Vries, estudou a hereditariedade da prímula da noite, que ocasionalmente, gera prole bastante diferente dela mesma, novas espécies. De Vries descobriu a mutação.
A Seleção Natural ficou esquecida até que os estudos do frade Gregory Mendel fossem conhecidos. E também os estudos do lago Niassa, o terceiro maior lago da África, que tem 560 km de comprimento, 80 km de largura máxima e uma profundidade máxima de 700 m. Tem uma área estimada de 31 mil quilômetros quadrados, dos quais 6400 são de Moçambique.
O lago foi descoberto por David Livingstone, um missionário e explorador britânico que foi um dos primeiros europeus explorar o interior da África. Quase cem anos depois, algo incrível foi descoberto neste lago, seus peixes, a prova que precisava. Descobriram uma variedade enorme de espécies, que diferem uns dos outros na forma do corpo, boca, dentes, cores etc. O mais incrível é que são todos membros da mesma família, são ciclídeos. Inicialmente, estimaram em mais de 400 espécies de ciclídeos. Em estudo mais recente, liderado por George Turner, foi estimado que no lago há mais de 700 espécies desse peixe. Isso é mais do que todas as espécies de peixes em todos os lagos e rios da Europa ou América.
Estima-se que há dois milhões de anos, um ciclídeo entrou no lago. Ao longo do tempo, o nível do lago aumentou e diminuiu, criando diferentes habitats, cada um com seus próprios recursos a explorar e cada um evoluindo seu próprio grupo de ciclídeos. Há espécies que se alimentam de algas e outras que são carnívoras, todas descendentes de um único ciclídeo.
No final dos anos 1950, a evolução tinha uma nova fórmula, combinando seleção natural, isolamento, hereditariedade mendeliana e teoria matemática, chamada Síntese
Neodarwiniana.
Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.
Publicado em Geral na Edição Nº 16296
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