Grajaú - Sessenta e dois jovens agricultores indígenas das etnias Guajajara, Krikati e Gavião estiveram reunidos na cidade de Grajaú, participando do V Seminário Regional do Programa Geração Futura da Agricultura Familiar, promovido pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (Sedagro). O evento, que aconteceu no Hotel Gramado, foi aberto nessa quinta-feira (2) e prosseguiu até ontem (4).
O objetivo é apresentar aos jovens indígenas e alunos da Escola Família Agrícola (EFA/Grajaú) o Programa Geração Futura da Agricultura Familiar, bem como delinear ações de capacitação para a elaboração de projetos agrícolas e não-agrícolas, legitimando as demandas locais.
Participaram do seminário 50 jovens de seis aldeias (Juçaral, Rubiácea, São José, Sardinha, São Pedro e Santa Maria), localizadas em cinco municípios (Amarante, Montes Altos, Grajaú, Barra do Corda e Jenipapo dos Vieiras), além de 12 alunos da Escola Família Agrícola (EFA/Grajaú), que vão receber projetos produtivos de Avicultura e Piscicultura, além do Projeto de Artesanato em Fio Cru que já está sendo implantado.
“Os agricultores mais antigos estão envelhecendo e os jovens não estão mais querendo permanecer na zona rural. O Geração Futura começou em 2009, quando a governadora Roseana Sarney criou a Sedagro para fortalecer a agricultura familiar no estado, e pediu que desenvolvêssemos um programa voltado para a capacitação de jovens rurais maranhenses em projetos produtivos”, declarou Jadson Medeiros, secretário-adjunto de Apoio Institucional da Sedagro, falando em nome da secretária de Estado de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Conceição Andrade, durante a abertura do evento.
“O governo está descentralizando as ações de agricultura familiar, capacitando o jovem para a produção, preparando o jovem do campo para trabalhar no campo, fortalecendo a família. Nossos avós e pais não tiveram essa oportunidade”, declarou o vice-prefeito de Grajaú, Antônio Matias.
Atuação
Ao fazer uma apresentação detalhada do Programa Geração Futura da Agricultura Familiar, a assistente social e coordenadora de Articulação Social da Sedagro, Carmen Luce Aguiar Pereira, informou que o programa já está no segundo ano de ação, atuando em 23 municípios (em 40 comunidades) com projetos produtivos agrícolas e não-agrícolas. O programa atende a 800 jovens, com idade entre 18 e 29 anos.
Os jovens já fizeram capacitação técnica de acordo com os projetos escolhidos por eles mesmos e estão aprendendo a fazer na prática, em Unidades Pedagógicas de Produção. As qualificações foram feitas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Instituto Terra, que é o órgão executor do programa.
A coordenadora disse ainda que o programa é destinado a jovens quilombolas, extrativistas, assentados de reforma agrária, pescadores, ribeirinhos, agricultores familiares e alunos das Casas Familiares Rurais e Escolas Famílias Agrícolas. “Os jovens estão sendo qualificados para aproveitar as transformações trazidas pelas tecnologias de informação e produção, para a geração de renda e para ajudarem as suas famílias, de modo que a sustentabilidade das famílias rurais seja retirada da produção”, concluiu.
“Na minha vida eu quero ter alguma coisa, eu quero ter alguma coisa na aldeia”, disse o jovem indígena Leandro Ribeiro, liderança juvenil na aldeia Rubiácea, em Amarante, ao falar sobre a importância do Programa Geração Futura para as aldeias indígenas.
“Este trabalho visa fortalecer a agricultura familiar com os jovens rurais. Todas estas parcerias são necessárias para melhorar a qualidade de vida, principalmente dos povos indígenas, que são os primeiros povos do Brasil”, afirmou o gestor do escritório regional da Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Agerp) de Barra do Corda, Cícero Figueiredo.
Incentivo
Ao visitar os jovens indígenas no segundo dia do seminário, o secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca, Cláudio Azevedo, destacou a importância da renovação na agricultura familiar maranhense, com o incentivo e a capacitação técnica da nova geração de filhos de agricultores para que utilizem novas tecnologias, sem a utilização do corte e queima, aliando aumento de produção e sustentabilidade ambiental.
Durante os três dias de seminário, a Sedagro e o Instituto Terra apresentaram a palestra “Transição da Agricultura Familiar nas Áreas Indígenas”, proferida pela pedagoga especializada em projetos sociais do Instituto Terra, Sabina Corrêa Barros, as oficinas temáticas Como Somos? e Como queremos ser?, com as facilitadoras da Sedagro, Jamilda Ribeiro (assistente social) e Andréa Reis Sales (engenheira agrônoma), além da apresentação dos vídeos Avanços da Agricultura Familiar e Culturas Indígenas / Agricultura Familiar.
As apresentações culturais foram feitas pelos grupos Zapuy, formado por jovens da Aldeia Jussaral, e pelo grupo de capoeira da aldeia de Amarante. Os jovens indígenas também fizeram uma exposição de colares, pulseiras, brincos, prendedores de cabelo, bolsas, cocares, além de demonstrações de pintura corporal.
São parceiros da Sedagro no Programa Geração Futura as prefeituras municipais, Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Maranhão (Fetaema), Instituto Terra, Instituto de Agronegócios do Maranhão (Inagro), Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Agerp), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
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