São Luís - A Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectec) e a empresa Vale promovem, na próxima terça-feira (10), às 9h, no Estaleiro Escola (Sítio do Tamancão), o lançamento do projeto “O Barco e a Barca”. Trata-se de uma aula de educação patrimonial (aula patrimônio). O evento faz parte das comemorações dos 400 anos de aniversário da cidade de São Luís, a ser comemorado no dia 8 de setembro.
A proposta de “O Barco e a Barca” tem como finalidade difundir a importância da cultura náutica e das embarcações artesanais. O projeto se destina aos alunos da rede escolar – ensinos Fundamental e Médio, sendo patrocinado pela Fundação Vale, através do Instituto de Desenvolvimento Humano (IDH), que deverá levar 4.000crianças em dois meses ao auditório do Estaleiro Escola.
Para a secretária de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Olga Simão, as aulas serão uma excelente oportunidade dos estudantes conhecerem a arte de construir barcos. “Uma cultura maranhense que deve ser preservada, repassada e ensinada às gerações futuras. E nada melhor do que lançarmos o projeto no ano do quarto centenário de São Luís”, enfatizou.
As aulas acontecerão de segunda a sexta-feira em duas turmas por dia, uma na parte da manhã e outra à tarde. Com 50 alunos em cada turma, um total de 100 alunos por dia. A faixa etária dos alunos é de oito a 18 anos. O agendamento ficará a cargo da Secretaria de Educação.
“Os alunos assistirão uma aula de 50 minutos, versando sobre o mesmo tema e de forma tão bonita que será inesquecível para eles. ‘O Barco e a Barca’ é mais uma proposta de difundir a tradição do povo maranhense”, destacou o diretor do Estaleiro Escola, Luiz Phelipe Andrès.
Na Praça
Outro projeto que tem a mesma finalidade de difundir e valorizar o conhecimento é o “Projeto Barco na Praça”, que leva os cidadãos a visitarem e entrando na embarcação conhecerem-na pela primeira vez, em todos os detalhes. Esta embarcação, que foi inteiramente restaurada com a participação dos alunos do Estaleiro Escola, está sendo exposta nas praças de São Luís e já recebeu mais de sete mil visitantes que jamais haviam tido a oportunidade de saber da sua importância social e econômica.
Embarcações como estas representam séculos de conhecimentos acumulados a serviço da subsistência do ser humano em regiões isoladas e em alguns casos onde nem a luz elétrica chegou até hoje. O projeto vai estar presente no campus da Universidade Federal do Maranhão (Ufma) durante a realização da 64ª edição da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Estaleiro Escola
O Estaleiro Escola foi criado como decorrência de uma pesquisa de autoria pesquisador do Patrimônio Histórico, engenheiro civil Luiz Phelipe Andrès realizada em 1985/86 com recursos da A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT).
Na ocasião, ficou evidente que a arte de construir embarcações artesanais de madeira, conhecimento tradicional do povo maranhense, estava ameaçado de perda e desaparecimento pelo abandono da categoria. Os mestres carpinteiros navais estavam desarticulados e com a autoestima arrasada. Os jovens não tinham mais interesse em aprender uma profissão ao mesmo tempo muito exigida e perigosa, por causar ferimentos graves nos profissionais, que por sua vez, terminam a vida na miséria.
Sem poder para interferir nas políticas públicas para o setor, (que é muito ligado também à pesca artesanal e ao transporte de carga e passageiros) foram adotadas várias estratégias que buscam primeiro a valorização do ofício da construção naval artesanal. Dentre elas, a criação deste Estaleiro Escola. (Marcelo Sirkis)
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