A suspeita de que milícias estariam cobrando de R$ 15 mil a R$ 120 mil de candidatos para que façam campanha em áreas da zona oeste do Rio de Janeiro e cidades do Grande Rio pode ser investigada pela Polícia Federal. O pedido para instauração de inquérito com urgência foi feito ontem (29) pela Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) do Rio de Janeiro.

Segundo a procuradoria, o valor era definido de acordo com o número de eleitores de cada região, como Duque de Caxias, Magé, Nova Iguaçu e Seropédica. De acordo com o autor do pedido, o procurador regional eleitoral Sidney Madruga, a denúncia foi feita com base em reportagens divulgadas na mídia e trata da exclusividade na divulgação de material de campanha na área pretendida pelos candidatos.
“São baseadas nas notícias, pedindo para que a Polícia Federal, que é a polícia da União e tem que estar à frente disso, instaure inquérito para averiguar se isso de fato está ocorrendo. Isso [solicitar a investigação] é uma atribuição do Ministério Público Eleitoral, independente da Polícia Civil ou Militar, isso é uma atribuição nossa.” A abertura do inquérito ficará a cargo da Delegacia de Defesa Institucional (Delinst).
Segundo o professor da FGV Direito Rio Thiago Bottino, a violência eleitoral aumentou no estado do Rio e está relacionada ao crescimento do poder das milícias no Rio de Janeiro. “Você tem candidato a vereador que já foi assassinado, tem candidato a prefeito na Baixada assassinado, tem episódios como esse de cobrar para a pessoa poder entrar naquela comunidade para fazer campanha e episódios de ameaça, dizendo ‘não venha aqui, se você vier nós vamos usar violência, nós vamos impedir que você venha’”, disse.
Para Bottino, a milícia exerce um poder paralelo no estado e está interferindo no processo eleitoral. “É um fenômeno bem característico aqui do Rio de Janeiro. Pode até existir milícias em outras cidades, mas o que a gente teve aqui foi um crescimento muito grande delas para ocupar um espaço que antes era do tráfico de drogas e que foi enfraquecido com as unidades de Polícia Pacificadora.” (Agência Brasil)