“Não há nada pior do que a paralisia, do que a falta de iniciativa, do que o vazio”

Na véspera do Dia do Trabalho, o presidente do Senado, Renan Calheiros, propôs um pacto nacional pela defesa do emprego face à situação econômica enfrentada pelo país. Renan pretende impulsionar medidas legislativas para que as empresas, sobretudo as pequenas, mantenham e criem novos postos de trabalho. Em entrevista nessa quinta-feira (30), o senador disse esperar que a presidente da República, Dilma Rousseff, “compre a ideia” de um pacto nacional pelo emprego, para romper com o “imobilismo”.
Segundo Renan Calheiros, é preciso estabelecer metas de emprego e não apenas de inflação: — Não há nada pior do que a paralisia, do que a falta de iniciativa, do que o vazio. Nós fizemos a democracia para deixar as panelas falarem. As panelas precisam se manifestar. Nós precisamos todos ouvir o que as panelas dizem. Certamente a presidente Dilma não vai falar no dia 1º de Maio por que não tem o que dizer. Por isso eu estou proponho um pacto em defesa do emprego — afirmou Renan em referência ao panelaço que ocorreu no Dia Internacional da Mulher durante o pronunciamento em rádio e TV da presidente.
Ele classificou de “retrocesso” e “coisa ridícula” o governo não ter o que dizer no Dia do Trabalho. A presidente Dilma Rousseff não fará pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV em 1º de maio. Conforme o governo, ela se manifestará por meio das redes sociais.
- Essa coisa de a presidente da República não poder falar no dia 1º de maio por não ter o que dizer é ridícula. Isso enfraquece muito o governo — criticou.
Entre as propostas de Renan, está a recomendação para que o governo priorize, em suas compras, empresas que criem novas vagas. O presidente do Senado também quer conceder desoneração da folha para essas companhias e sugeriu aumentar o crédito da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil e do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) para as empresas que não fecharem postos de trabalho.
A ideia, segundo Renan Calheiros, é envolver todos os setores da sociedade em prol do país.
— Passaríamos a discutir uma agenda. O governo não tem agenda, não tem iniciativa — avaliou.
As propostas serão detalhadas durante sessão temática destinada a debater a crise e as perspectivas de longo prazo para o Brasil, que será realizada na próxima semana.
Requerida pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), a sessão deverá contar com a participação do ministro da Fazenda, Joaquim Levy; dos economistas Carlos Lessa e Marco Henrique Monteiro de Castro; do economista Armínio Fraga, entre outras personalidades.
— Qualquer proposta nessa direção que possa entrar no pacto da defesa do emprego será muito bem recebida — disse Renan Calheiros.
Renan Calheiros também voltou a criticar o projeto de regulamentação da terceirização das atividades principais das empresas. Segundo ele, é necessário tirar os trabalhadores da insegurança jurídica, mas não “liberar geral”. Para Renan Calheiros, autorizar a terceirização das atividades-fim precariza o trabalho.
O presidente do Senado insistiu ainda que o atual ajuste fiscal promovido pelo governo afeta apenas o bolso do trabalhador.
— Nós que defendemos meta de inflação, meta de superávit, nós temos que defender uma meta para o emprego. Se não, quem vai pagar a conta do ajuste é o trabalhador — disse.
O líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), elogiou a iniciativa de Renan Calheiros, mas revelou que o governo já trabalha na elaboração de propostas que garantam a manutenção do emprego e está de olho em medidas bem sucedidas tomadas por países europeus.
— Isso está sendo trabalhado. O governo está tomando as medidas necessárias, inclusive considerando a experiência de outros países — disse Delcídio. (Marcos Oliveira / Agência Senado)