A participação popular é intensa durante a festa de Reis

O Dia de Santos Reis, 6 de janeiro, celebrado em muitos países católicos, lembra o momento da visita dos três Reis Magos à manjedoura do Menino Jesus, quando levaram presentes (ouro, incenso e mirra) ao filho de Deus nascido, personagens da cena dos presépios natalinos, uma tradição no Maranhão, trazida de Portugal pelos colonizadores. A data será celebrada nesta segunda-feira (6) e fecha o ciclo dos festejos natalinos com a Queimação das Palhinhas dos presépios.
Uma vasta programação acontece, nesta segunda-feira (6), a partir das 18h, para fechar o período de festas promovidas pelo Governo do Estado, dentro do projeto “Natal do Maranhão 2013 - Festa de Luz e Tradição”, realizado pela Secretaria de Estado de Cultura (Secma), por meio da Superintendência de Cultura Popular, que realizou exposições de árvores de Natal e presépios natalinos, cortejos de Reis e pastores e Cantata Natalina durante todo o mês de dezembro de 2013.
Promovida pela Associação Comercial do Maranhão, por intermédio da Lei Estadual de Incentivo a Cultura, da Secma, e Secretaria da Fazenda, com patrocínio da Cemar e apoio de São Luís Convention Bureau, Vale, Suzano e Caixa Econômica Federal, a programação inicia no Museu Histórico e Artístico do Maranhão (Rua do Sol, 203-Centro) com ladainha cantada em latim, seguida de Cortejo de Pastores e Reis que seguirá pelas ruas do Centro, passando pelos presépios dos Paços da Quaresma (Rua Afonso Pena e Beco da Pacotilha), e Centro de Cultura Popular, terminando no presépio da Praça Nauro Machado.
Participam do cortejo os grupos de Reis e Pastores de comunidades de São Luís, Grupo Passaporte, Pastoral Filhas de Belém D. Dorinha, Pastoral Estrela do Oriente-D. Elzita, Pastor de São José (Ribamar), Pastor Escola Y Bacanga, Pastor Sesc, Reis das Flores (Tajaçuaba) e Reis das Flores (Porto Grande).
O ritual da Queimação de Palhinhas se constitui numa solenidade tradicional, de duplo sentido: religioso e festivo. Finaliza o ciclo de celebrações natalinas, iniciado com a montagem do presépio, uma homenagem ao Menino Jesus em cujo decorrer queimam-se, num fogareiro, galhos de murta e/ou unhas de gato que enfeitavam o presépio.
A solenidade conta com a participação de parentes, vizinhos, amigos e pessoas da comunidade ligadas à casa que cumpre essa devoção. Os participantes desse ato de fé, ao queimarem as palhinhas, agradecem ao Menino Deus uma graça e/ou fazem um pedido. Durante a Queimação de Palhinhas é rezada uma ladainha cantada, num latim aportuguesado, além de diversas outras orações e cânticos, contando-se com um rezador ou uma rezadeira, que dirige a celebração. Comumente há, também, o acompanhamento de músicos, explica Sebastião Cardoso, diretor do Centro de Cultura Popular.
A cada ano o presépio tem um padrinho e uma madrinha, a quem cabe um papel específico no ritual de entrega e recebimento do Menino Jesus, cumprido juntamente com os padrinhos do ano seguinte.

A tradição dos Presépios
Segundo pesquisadores acredita-se que foi São Francisco de Assis, por volta de 1223, em Greccio/Itália, quem idealizou essa forma de prestar homenagem ao Menino-Deus, fazendo, o primeiro presépio. A partir dessa data generalizou-se nas comunidades franciscanas esse costume de se representar simbolicamente o nascimento do Deus-Menino. Com o tempo, o hábito estendeu-se por terras italianas e por todo o mundo cristão. Pintores, escultores, músicos realizaram grandes obras inspiradas nesse motivo, que também foi mote para representações teatrais.
No Brasil, o presépio pode ter sido introduzido pelos primeiros colonos, tendo essa prática sido reforçada com a presença aqui dos padres jesuítas, em 1584, sendo, por vezes, acompanhado de cantos, danças e dramatizações, usados como veículos para tornar mais compreensíveis aos índios e colonos os dogmas da fé e religião católicas. No Maranhão, esse costume religioso também se difundiu, tanto que nas primeiras décadas do século XX, esse era um hábito muito cultivado em São Luís.