Lidiane Soares, uma das ganhadoras do prêmio com a orientadora do projeto, Francisca Neide

Premiações que somam R$ 200 mil, possibilidade de reconhecimento nacional e a chance de impulsionar o desenvolvimento no estado. Esses são apenas três exemplos da importância do Prêmio Fapema 2012, iniciativa do Governo do Estado por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão, que chega este ano a sua oitava edição consagrado como uma das maiores premiações da área. A solenidade de entrega do troféu e certificado aos pesquisadores ganhadores do prêmio deste ano, 39 no total, acontece na próxima sexta-feira (23), no Hotel Luzeiros, em São Luís.
Destinado a alunos, pesquisadores, inventores e empresários, o Prêmio Fapema é uma forma de fazer com que a produção científica não fique restrita apenas ao meio acadêmico e chegue ao conhecimento da população. Na avaliação do presidente da Fapema, Antonio Luiz Amaral Pereira, a premiação já é um sucesso. “Isso é comprovado pelo nível dos trabalhos e pelos elogios feitos pelos consultores, a maioria de fora do estado, que têm reconhecido a cada ano a melhoria da qualidade da produção cientifica dos pesquisadores maranhenses”, destacou Antônio Pereira.
A secretária de Ciência e Tecnologia, Rosane Guerra, e o diretor presidente da Fapema presidirão a cerimônia, que vai contar com a participação de pesquisadores, reitores, pró-reitores, empresários e representantes de instituições como o São Luís Shopping, Vale, Eletronorte, Sebrae, Federação das Industrias do Estado do Maranhão (Fiema), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que serão homenageadas durante o evento pela contribuição em prol do desenvolvimento científico e tecnológico do Maranhão. Outra homenagem será para as quebradeiras de coco de Itapecuru ganhadoras do Prêmio FINEP de Inovação com o projeto “Padaria Comunitária com Aproveitamento do Mesocarpo de Babaçu”.
Em 2012, o tema do evento é “Ciência, Tecnologia e Cultura para o desenvolvimento sustentável do Maranhão”, que foi escolhido por votação popular e foca na preservação dos bens materiais e saberes populares do estado. Trinta e nove propostas foram premiadas, número superior à premiação dos últimos anos. Em 2011, foram 35 os vencedores. Quando o Prêmio foi lançado, há sete anos, foram nove pesquisadores premiados em duas categorias e valores pouco superiores a R$ 20 mil. No ano passado, foram distribuídos R$ 150 mil em prêmios.
Neste ano, o Prêmio Fapema foi distribuído em nove categorias: Pesquisador Júnior, Jovem Cientista, Dissertação de Mestrado, Tese de Doutorado, Pesquisador Sênior, Divulgação Científica, Inovação Tecnológica, Desenvolvimento Humano e Empresa Inovadora. Em duas delas: inovação tecnológica e empresa inovadora não houve vencedores. Os projetos submetidos ao edital do prêmio foram elogiados pelos avaliadores. “Podemos ver com todo o rigor científico que elas são propostas que tem muito a colaborar com o Maranhão. São factíveis e vão usar a estrutura já existente nas universidades”, observou o professor doutor da Unicamp (SP), Wander José da Silva.

Jovem Cientista
É justamente essa possibilidade de ser realizada no estado, que fez a iniciativa da pesquisadora da Universidade Federal do Maranhão, Larissa Portela, ser uma das contempladas. Ela foi a vencedora na categoria Jovem Cientista, na área de Ciências Agrárias, no setor de zootecnia, com uma pesquisa que analisou a “Metanálise dos Níveis de Lisina em Rações de Suínos: recomendações para otimizar o desempenho e reduzir custos”.
A pesquisa se baseou em estatísticas existentes no mercado brasileiro entre os anos 2000 e 2012 para elaborar os experimentos cujo foco é a garantia da rentabilidade do produtor rural com a suinocultura. “O projeto foi feito a partir da análise de aminoácidos e analisamos as variáveis a partir de projetos estatísticos, considerando as variáveis de desempenho até se chegar a um nível que proporcionasse ao produtor rural uma maior rentabilidade”, explicou.
Para o Maranhão, a pesquisa é extremamente válida. Isso porque um levantamento do Ministério da Agricultura apontou uma redução de 0,9% no rebanho de suínos em todo o país. O Maranhão tem hoje o segundo maior rebanho de suínos de todo o nordeste, com 453.800 animais. Para se garantir um crescimento da espécie no estado é necessário que o produtor venha a garantir um aumento nos investimentos e os pesquisadores viabilizem as pesquisas científicas para o setor.
Com a pesquisa, a vencedora do prêmio pretende oferecer aos criadores uma alternativa mais em conta e, além disso, oferecer qualidade para que cada um dos produtores formulasse a partir dos resultados as melhores rações para alimentar os animais. “O objetivo do trabalho foi determinar os níveis de lisina nas rações dos suínos para melhorar o desempenho e reduzir os custos com alimentação, utilizando a técnica aplicada no projeto”, disse Larissa.

Dissertação
Já na categoria de Dissertação de Mestrado, a pesquisadora Lidiane Soares Pereira Carvalho debruçou-se nas pesquisas das amostras de leite cru refrigerado, leite pasteurizado e queijos provenientes de quatro laticínios, para identificar genes tóxicos de micro-organismos que contaminam o leite e seus derivados. A pesquisa, apesar de muito difundida em outras regiões do país, ainda era inédita no Maranhão. “E o fato de ser pioneira faz dela essencial para que tenhamos daqui por diante grandes possibilidades”, avaliou Lidiane Carvalho.
Cento e vinte amostras foram colhidas. Nas de leite cru, foi constatada a contaminação de todas. No caso do leite pasteurizado, apenas um pequeno número de amostras estava contaminado e, no caso do queijo, 100% estavam fora do padrão. O resultado serviu como base para alertar que todas as amostras de leite dos quatro laticínios apresentaram qualidade higiênico-sanitária insatisfatória com a possibilidade de presença de substâncias tóxicas com riscos à saúde pública.
“Foi a confirmação de que acima de tudo o trabalho que desenvolvemos em nossas linhas de pesquisa contribuíram para o desenvolvimento do estado que tem essa ferramenta adicional para fiscalizar quando preciso”, observou a pesquisadora.
Ela também elogiou a iniciativa da Fapema em realizar o prêmio. “É a primeira vez que estou sendo premiada e fico muito feliz. Foi um trabalho que mereceu o reconhecimento pelo ineditismo aqui no estado. Espero que outras entidades se organizem e premiem as pesquisas, pois é uma forma de incentivar o pesquisador a descobrir muito mais”.