São Paulo-SP - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que as cadernetas de poupança serão mantidas como “o melhor investimento financeiro” no país para a grande maioria da população. Segundo ele, a certeza vale inclusive neste momento em que passam a vigorar as regras anunciadas, que podem implicar perda de rentabilidade em comparação ao modelo anterior. “O novo [investidor] também deve investir porque vale a pena”, sugeriu.
Mantega informou que existem cerca de 100 milhões de cadernetas de poupança no país. De acordo com ele, os poupadores atuais “não devem fazer nada”, lembrando que há vantagens nesse tipo de aplicação, como a isenção no pagamento do Imposto de Renda e a possibilidade de saque do dinheiro a qualquer momento, além de “boa rentabilidade”.
O ministro acrescentou que o rendimento tende a ser igual ou até maior do que o obtido por meio dos fundos de renda fixa. Mantega faz palestra no seminário O Brasil 2020: Rumos da Economia, na capital paulista. Participam do encontro economistas como o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Porchmann, e o professor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC) Luiz Gonzaga Belluzzo.
Ontem, ao anunciar as novas regras para a poupança, Mantega ressaltou que o correntista que aplicou até agora não será afetado pelas novas medidas de remuneração da caderneta. A alteração valerá apenas para os depósitos feitos e para as contas abertas a partir de ontem.
Até anteontem, o critério de remuneração da poupança – 6,17% ao ano mais variação da Taxa Referencial (TR) – será substituído pela variação da TR mais 70% da Selic, quando a taxa básica de juros chegar a 8,5% ao ano ou menos. A Selic está fixada em 9% ao ano.
Pelas novas regras, quem tem uma caderneta de poupança terá o saldo corrigido de duas formas: pelo rendimento tradicional, para o dinheiro guardado e, pela nova regra, para os futuros depósitos. Como a Selic ainda não está abaixo de 8,5% ao ano, por enquanto não haverá mudança alguma para os aplicadores. (Agência Brasil)

Entenda as mudanças na poupança

SÃO PAULO-SP - O governo federal mexeu nessa quinta-feira (3) nas regras da poupança. A mudança vale para os depósitos que forem feitos a partir de sexta-feira (4). Com a alteração, o atual piso de remuneração da mais tradicional modalidade de investimentos do país, de pelo menos 6,17% ao ano, que é assegurada desde 1861, poderá cair nos próximos meses.

Veja perguntas e respostas sobre a mudança:
Como é o rendimento da poupança hoje?

Hoje a poupança rende 6,17% ao ano mais a variação da TR. O investimento na caderneta não paga imposto de renda e pode ser sacado a qualquer momento.
E como vai ficar?
A poupança passa a render 70% da Selic mais a TR, sempre que essa taxa básica de juros estiver em 8,5% ao ano ou menos. A isenção do imposto de renda e a possibilidade de saque a qualquer momento continuam valendo.
O que são a TR e a Selic?
A TR é uma taxa calculada a partir da média de rendimento dos CDBs. Já a Selic é a chamada ‘taxa básica de juros da economia’, definida pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central. Hoje, está em 9%.
Quando a regra passa a valer?
As regras valem para o dinheiro depositado na caderneta a partir dessa sexta-feira (4).
Mas a regra só vale se a Selic chegar em 8,5%, e agora está em 9%. Como funciona isso?
O dinheiro que for depositado a partir dessa sexta vai render 6,17% mais TR, como na regra atual, até que os juros caiam. A partir daí, a remuneração do dinheiro depositado a partir do dia 4 muda.
E como fica o dinheiro que eu já tenho na poupança?

Para esse dinheiro, não muda nada. O que foi depositado na poupança até esta quinta (3), continua rendendo 6,17% ao ano mais TR, independentemente do valor da taxa Selic.
Quando eu fizer um saque de uma poupança que eu já tenho, como fica?
Os saques serão feitos prioritariamente do ‘dinheiro novo’, isso é, do que entrou na conta depois da mudança de regras. O ‘dinheiro antigo’, de antes da mudança, só sai da conta se o ‘dinheiro novo’ não for suficiente.
Por que o governo resolveu mudar as regras?
O objetivo é permitir a redução da taxa Selic. Como essa taxa é referência para as outras taxas de juros praticadas no país, a queda da Selic deve ajudar a reduzir os juros do crédito e incentivar o crescimento da economia.
O que a Selic tem a ver com a poupança?
Quando os juros caem, cai também o rendimento dos investimentos em renda fixa. Se a Selic cair mais, a renda fixa vai pagar menos que a poupança.
Qual o problema da renda fixa pagar menos que a poupança?
Se isso acontecer, os investidores tendem a sair da renda fixa e ir para a caderneta.
E por que o governo quer evitar a fuga da renda fixa?
A renda fixa ajuda a pagar as dívidas do governo. É como se o investidor estivesse emprestando para o governo. Se esse dinheiro ‘some’, o governo não tem como pagar suas contas.
E se os poupadores evitarem da poupança? Isso também gera problemas?
Segundo especialistas, se houver uma saída em massa da poupança também pode haver problemas. Isso porque o dinheiro da caderneta é uma das principais fontes de recursos para o financiamento da compra de imóveis. Se esse dinheiro “secar”, pode ficar mais difícil financiar um imóvel. (Fonte: G1)