SALVIO DINO
Pensei que essa “briga” por um bom pedaço de terra em pleno século XXI, onde o homem até já foi à lua e lá nada plantou, porque a terra não presta, não existisse mais. Pois existe sim, senhor. E não é muito longe, de nós, essa bem paroquial “briga”, tipo sapo na lagoa... foi... não foi... ou em outras palavras: “foi tu, sim, que invadiu meu pedaço... não foi você que invadiu o meu...” E, nesse foi não foi, há tempos, segundo informam os meios de comunicação, nossos irmãos, estão quase se matando... bem ali, na chamada faixa de Gaza do Nordeste”.
Ouça-se a mídia: “uma disputa centenária por terras entre Piauí e Ceará, devido a imprecisões no limite dos Estados se acirrou após pesquisa do IBGE apontar que a maioria dos domicílios está em território cearense. O governador do Piauí, Wilson Martins, não aceita o resultado e pede que o STF (Supremo Tribunal Federal) decida a quem pertence a área de quase 3.000 km², o equivalente a duas cidades de São Paulo, onde vivem cerca de 10 mil pessoas. O litígio começou em 1880, quando decreto assinado por Dom Pedro II, formalizou uma troca de terras, o Ceará cedeu parte do litoral e ganhou um pedaço do Piauí. Em 2011 o Piauí ingressou com a ação no STF. A AGU(Advocacia Geral da União) assumiu a missão de tentar a conciliação e a pesquisa do IBGE serviria de referência”.
Enquanto seu lobo não vem (o imbróglio está mais amarrado do que cabeça de freira, os dois estados, já que não chegaram a um acordo, a questão deverá ser resolvida em plebiscito na próxima eleição (out.2014) com vistas a definição dos limites territoriais dos municípios na serra da Ibiapava, faixa do litígio histórico entre os nossos queridos vizinhos do Nordeste.
Opa! Esse filme já vi, estou vendo faz um bocado de dias. Como assim? “Me explico ligeirinho” meu caro leitor(a). Desde os distanciados 1854, quando Pedro II mal engatinhava à frente do nosso Império, por força das Leis da época, os limites entre o Pará e o Maranhão, partiam da junção dos Rios Araguaia e Tocantins em busca da cabeceira mais alta do Itinga... Daí pra cá (bote tempo nisso), o Pará vem botando nos fundos do Maranhão, sem areia e/ou vaselina.
E as águas passando pela ponte do tempo! Quanto estive como deputado estadual andei denunciando o histórico estupro e clamando providências cabíveis. Preguei no deserto... faltou boa vontade política das autoridades governamentais da época. E, pato nadando... passando... voando... nas águas contestadas. E, tudo o vento levou! O Pará, com a maior cara de pau desse mundo continua... prossegue... de modo incessante, irrefreável, estuprando lá, naquela região esquecida... abandonada... não olhada como deveria ser. Sim. Lá, onde as águas são brancas e o ânimos emancipatórios da comunidade de São Pedro da Água Branca continuam vermelhos...
Lá no meu sertão tem um dizer, danado de certo: “Cavalo comedor, cabresto curto”. Os cavalos paraenses, sem rédeas, do lado do vento há tempos vêm comendo soltinhos da Silva Lima, todo o pasto alheio, verde ou seco, ou melhor dizendo: em todas as terras verdejantes e/ou desmatadas (por eles mesmos), pertencentes aos maranhenses. É como reza o outro ditado: “quem cala consente. E, como Seu Ninga não diz nada, o que acontece”? Ora, ora,” o cavalo castanho – escuro da raça marajoara, pisa no mole, pisa no duro, carrega o dono seguro”. E daí? Muito simples: embora os cavalos daqui sejam bons, mas não sabem ou, não querem rinchar, nos pastos, do lado de lá, são sempre verdejantes e, por isso mesmo, eles, os paraenses, sorrindo vivem a dizer: “quem faz o bom cavalo é o cavaleiro...”
Bom, tiradas cavalares à parte, o fato é que fico não sei bem se triste, revoltado, magoado, quando leio na imprensa alencarina: “SEM ACORDO, PLEBISCITO DEVE ACERTAR LIMETES EM 22 MUNICIPIOS DO PIAUÍ E CEARÁ; um plebiscito na próxima eleição, em outubro/2014.
E, por que então, meu estado de espírito? E preciso dizer?
Publicado em Geral na Edição Nº 14877
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