O Brasil registrou queda nos óbitos de crianças de até 10 anos de idade por acidentes domésticos na última década. O número caiu de 868 em 2000 para 595 em 2010, o que representa redução de 31%. Dados do Ministério da Saúde revelam que as principais causas de mortes foram os riscos acidentais à respiração (como sufocação na cama, asfixia com alimentos e outros), seguidos pelos afogamentos e exposição à fumaça, ao fogo e às chamas.
Houve queda também nas internações. Em 2010, foram 11,6 mil internações de crianças por acidentes domésticos, que custaram R$ 8,2 milhões. No ano seguinte, o número de hospitalizações caiu para 10,2 mil, ao custo de R$ 6,9 milhões. Dentro da faixa etária que vai de 0 a 10 anos, as principais vítimas são os menores de 1 ano. Em 2000, foram 376 mortes em crianças dessa faixa, contra 253 em 2010.
Os riscos acidentais à respiração foram responsáveis por 348 mortes de crianças com até 10 anos em 2000, o que corresponde a 40% dos óbitos por essa causa naquele ano. Já em 2010, o número reduziu para 252, representando 42% das mortes. Os afogamentos caíram de 247 para 168 no mesmo período. As mortes decorrentes de exposição à fumaça, ao fogo e às chamas recuaram de 102 para 64 nesses dez anos.
Desde 2001, o Ministério da Saúde investe na Política Nacional de Redução da Mortalidade por Acidentes e Violências. Ao longo da última década, diversas estratégias foram desenvolvidas para a implantação dessa política. Dentre elas, está a estruturação da Rede Nacional de Prevenção da Violência e de Promoção da Saúde. Atualmente, a rede conta com mais de 800 municípios, que desenvolvem ações de vigilância, prevenção e atenção às crianças e adolescentes. Através da Portaria 22, de agosto de 2012, o Ministério da Saúde estabeleceu ainda repasse de R$ 31 milhões para ações de vigilância e prevenção de violências e acidentes.
Foi implantado também o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), com o objetivo de obter informações sobre o comportamento desses agravos, subsidiar ações de enfrentamento dos determinantes e condicionantes das causas externas. O Viva aponta 15.098 atendimentos por acidentes domésticos realizados em serviços de urgência e emergência do Sistema Único de Saúde. Deste total, 32% eram menores de 9 anos de idade, ou seja, 4.740 crianças. A pesquisa VIVA, realizada entre setembro e novembro de 2009, mostra que 57% dos atendimentos foram de meninos. Em 58% dos casos, o tipo de ocorrência eram quedas e 31% das lesões eram cortes ou lacerações.
Urgência e emergência – Além dos investimentos na área de prevenção de acidentes, o lançamento da Rede Saúde Toda Hora, que reorganiza a Rede de Atenção às Urgências e Emergências no Sistema Único de Saúde (SUS), resultou em atendimentos mais ágeis, contribuindo para salvar vidas. Inseridas na estratégia, as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192) são componentes importantes para o atendimento de acidentes domésticos. (Por Samuel Bessa, da Agência Saúde)