Já tive a oportunidade de citar a Alemanha como exemplo de investimento em Educação. Então, resolvi pesquisar mais e descobrir o segredo do sucesso. Afinal, a Alemanha decidiu investir mais de 42 bilhões de euros em universidades para melhorar ainda mais seu sistema de ensino e formação. Do total orçado, 41,5 bilhões de euros, metade virá do governo federal e a outra metade do estado em que a universidade se encontra.
As autoridades apostam que isso impulsionará o país no cenário internacional. Citam como exemplo Alois Alzheimer, Max Planck, Wilhelm Conrad Röntgen e Robert Koch, entre muitos outros, como pesquisadores alemães que contribuíram para revolucionar a ciência. E foi nessas universidades que descobriram o bacilo da tuberculose, o raio-x, a ligação entre o vírus HPV e o câncer de colo do útero, a tecnologia para o disco rígido, entre outros.
As universidades terão um orçamento para a próxima década, de 2021 e 2030. Isso preenche as lacunas no financiamento do ensino superior gratuito que vinham de programas temporários. Nos últimos dez anos, o número de alunos que entram anualmente no ensino superior na Alemanha passou de 370 mil para 500 mil.
Em 2017, a Alemanha possuía 428 instituições de ensino superior, com mais de 2,8 milhões de estudantes matriculados. Estima-se que seis em cada dez jovens alemães entrarão numa universidade. Em 2016, 31% dos alemães entre 25 e 34 anos possuíam curso superior completo.
O Brasil possuía 197 universidades e cerca de 8 milhões de alunos, segundo dados do MEC de 2016. No país, no entanto, apenas 15% da população entre 25 e 34 anos possuiu ensino superior completo.
De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a Alemanha investiu 1,2% de seu PIB, em 2015, no ensino superior e 3% do PIB na educação básica. No Brasil, o cenário foi parecido, o investimento em ensino básico foi de 4,2% do PIB e 1,2% no ensino superior. Bem, o PIB da Alemanha, que é 3,38 trilhões de dólares, era maior que o do Brasil, de 1,8 trilhão de dólares.
A Alemanha gasta em média 10,7 mil dólares por ano por aluno do ensino básico, segundo dados da OECD. Já com estudantes do ensino superior esse valor vai para 17,1 mil dólares. O Brasil investe em média pouco mais da metade do que a Alemanha por aluno do ensino básico, apenas 5,6 mil dólares. No ensino superior, também é investido menos, 11,7 mil dólares por estudante.
A taxa de empregabilidade de jovens entre 25 e 34 anos com diploma no ensino superior na Alemanha chega a 87% e entre aqueles com curso técnico alcança 86%. A diferença do diploma, porém, aparece em relação aos salários, que costuma ser 58% maior entre aqueles com curso superior.
A importância da Educação é claríssima, especialmente das universidades. O Brasil possui universidades com excelência comprovada em muitas áreas. Certamente falta um pouco de verbas, mas muito de estratégia e de um plano nacional que defina prioridades e objetivos. Além de se escolher gente capaz para ocupar os cargos públicos. Onde estão os senadores e deputados comprometidos com a Educação para fiscalizar e propor?
Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.
Comentários