Lançada pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2014, a licitação para as obras do Pedral do Lourenço foi concluída em 2016, mas até hoje a empresa vencedora do edital não deu início aos trabalhos. O Pedral do Lourenço, no Pará, é o principal empecilho que impede o uso da hidrovia Tocantins-Araguaia, principalmente no período de seca da região, entre setembro e novembro.
O atraso nas obras tem grande impacto na economia da região Norte, como por exemplo, a agroindústria. O rio Tocantins é importante para o escoamento de produção de grãos e minérios de toda a região Centro-Oeste até os portos de Bacarena, no norte do Pará.
Somado a isso, o sistema ferroviário brasileiro também tem pouca quilometragem, o que torna o desenvolvimento econômico de vários estados altamente dependente do modal rodoviário. Dados do último levantamento da Confederação Nacional do Transporte indicam que mais de 61% das estradas do Brasil estão em estado regular, ruim ou péssimo.
Segundo o professor do departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Tocantins, Alivínio de Almeida, o uso do sistema hidroviário traria redução de custos para o setor da agroindústria.
“No caso da Tocantins-Araguaia que passa por essa área de alta produção agrícola. Imagine que uma barcaça daquela consegue carregar 27 carretas. Então você tem uma escala de custos porque o custo dela fica 6 vezes menor do que o transitado via caminhão. E com isso você tem ganho em volume, redução em custos, e uma eficiência logística enorme.”
Para o presidente da Federação Nacional dos Portuários, Eduardo Guterra, as obras do Pedral do Lourenço são importantes para o avanço das discussões sobre hidrovias no Brasil.
“Então a sinalização das obras na área que efetivamente vão transformar essa hidrovia num canal de escoamento de carga do Centro-Oeste e envolve vários Estados. Essa necessidade de logística é fundamental para que o Brasil avance nessa discussão de transporte via hidrovias como outros países do mundo”, disse.
O desenvolvimento do sistema de transportes de cargas é tema das propostas de governo dos presidenciáveis. Henrique Meirelles, do MDB, por exemplo, pretende investir em ferrovias e hidrovias.
“Primeiro investir em ferrovia, que é o meio mais rápido e que nós temos diversas ferrovias que estão inacabadas, que estão paralisadas que podem ser terminadas. Isso é a primeira coisa. Segunda coisa, nós temos uma possibilidade fantástica que é o transporte hídrico. Isto é, nós temos, por exemplo, na bacia Araguaia-Tocantins, uma grande pedra que é o chamado Pedral do Lourenço, que impede a navegação. Mas isso é uma coisa que pode se resolver, eu vou resolver, então nós vamos abrir a navegação de todo o Araguaia-Tocantins, o que vai permitir um escoamento de toda a produção de grãos do Centro-Oeste e não vai precisar de caminhão. É muito mais barato”, afirmou.
A necessidade da diversificação do sistema de transporte ficou ainda mais evidente após a greve dos caminhoneiros que paralisou o escoamento de produção no país em maio deste ano. (Assessoria)