Fabíolla Oliveira *
Comparando-se, do ponto de vista logístico, o Porto do Itaqui com os portos vizinhos de Pecém-CE e de Vila do Conde-PA, notar-se-á o quanto ainda é preciso avançar. O desempenho logístico de um porto pode ser medido, entre outras formas, por quantos “TEUs” ele movimenta em um ano. A sigla TEU significa Twenty Foot Equivalent Unit ou “unidade equivalente a 20 pés”. Um “TEU” representa a capacidade de carga de um contêiner normal, de 6m de comprimento, por 2,5m de largura e 2,6m de altura, aproximadamente.
Segundo dados da ANTAQ, em 2015, o Porto do Itaqui movimentou 7.862 TEUs. O Porto de Vila do Conde-PA movimentou 56.536 TEUs. Já o Terminal de Pecém-CE movimentou 180.393 TEUs. Para se ter uma ideia, um navio-padrão (tipo Panamax) tem capacidade de transportar 5.000 TEUs. Ou seja, toda a movimentação de contêineres do Itaqui durante um ano corresponde a apenas um navio e meio do tipo Panamax. Esses são portos do chamado Arco Norte, que possuem a mesma área de influência quanto a captação de cargas (hinterlândia), e que enfrentam dificuldades logísticas e mercadológicas similares. Portanto, no cenário atual, o Porto do Itaqui precisa no mínimo equiparar-se à eficiência logística de seus vizinhos, o que certamente reduzirá o chamado “custo Brasil” ou, no caso em análise, o “custo Maranhão”.
Embora a movimentação de contêineres pelo Porto do Itaqui seja hoje tímida, as perspectivas para futuro são animadoras. Recentemente, o Porto do Itaqui abriu concorrência para construção de um pátio de contêineres nas áreas G e H, com vistas ao recebimento de contêineres refrigerados. Segundos dados da EMAP (2016), apenas de um único cliente foi identificado potencial de movimentação de proteína animal congelada na ordem de 3,6 mil toneladas por ano. Além disso, analistas de mercado estimam que uma única grande empresa do mercado de atacado e varejo maranhense tem capacidade para movimentar, no curto prazo, mais de quatro mil TEUs. Some-se a isso o fato de o início das operações da ferrovia Norte-Sul, em Anápolis, poder criar um corredor logístico entre Goiás e Maranhão permitindo o escoamento de cargas congeladas, tais como frangos e similares, o que tornaria, nesse caso, o Itaqui não somente um hub de cabotagem, mas também de longo curso.
Espera-se que, em um futuro breve, parte dos problemas logísticos seja minimizada e o Maranhão possa ocupar lugar de destaque no cenário portuário brasileiro.
* Coordenadora de Negócios Internacionais da Intrading Global. Pós-Graduanda em Logística Portuária e Direito Marítimo pelo Instituto Navigare. E-mail: fabiolla.oliveira@intradingglobal.com
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