A tarde de quarta-feira (8) foi marcada por emoção e sentimento de dever cumprido em pleno ar. Grávida de nove meses, Maria da Conceição dos Santos Sousa, de 32 anos, foi socorrida pela equipe Aeromédica da Secretaria de Estado da Saúde (SES), e deu a luz a uma menina, Vitória, enquanto o helicóptero de resgate do Grupo Tático Aéreo (GTA) da Polícia Militar do Maranhão sobrevoava a Baía de São José de Ribamar.O drama, no entanto, não acabou naquele momento. Vitória nasceu com poucos sinais de vida e ainda foi reanimada em pleno voo.
A recém-nascida Vitória não poderia ter recebido nome mais adequado. A luta pela vida começou a 285 quilômetros de São Luís, na cidade de Santo Amaro, onde Maria da Conceição vive e onde iniciou o trabalho de parto. Ela deu entrada no Hospital Municipal Monsenhor Amaro e desde às 8h havia começado a sentir contrações. Mas veio a complicação. O bebê ficou preso no canal de parto e chegou a ser informado que não era mais possível ouvir sinais de vida.
O pedido de transferência de Maria da Conceição para São Luís chegou à central de regulação da SES por volta das 12h e foi prontamente atendida pela Equipe Aeromédica e pelo GTA. “O chamado era para tentar salvar ao menos a mãe, pois a informação que recebemos foi que o bebê estava sem sinal de vida. Quando a mãe conseguiu dar a luz, o bebê não tinha cor normal e poucos sinais de vida”, conta o médico Rafael Machado.
Apesar de saber da possibilidade do óbito do bebê, a equipe levou aparato para dar assistência à mãe, e realizar o parto em caso de emergência. A enfermeira Jacqueline Nascimento fez a reanimação de Vitória, que nasceu com 50 centímetros e pesando 4.295 quilos.
Após o susto, Maria da Conceição finalmente respirou aliviada. “Eu já estava sem forças e pensei que não fosse conseguir. Só tenho a agradecer a Deus e a todos que ajudaram a salvar a minha vida e a da minha filha”, disse. Maria da Conceição é mãe de outras três meninas e mais dois meninos. Ela disse ainda que nunca havia passado por complicações no parto.
Comoção e reencontro
O sucesso total do resgate causou comoção em a toda equipe envolvida. Há dois anos trabalhando na Equipe Aeromédica da SES, o médico Rafael Machado, afirma não ter visto, nem vivido algo parecido. “Ajudar a trazer uma vida ao mundo, e de uma forma tão inesperada, foi uma experiência indescritível que ficará para sempre em nossa memória”, afirmou.
O nascimento de Vitória aconteceu no sobrevoo da Baía de São José de Ribamar, quando restavam pouco mais de dez minutos para o pouso na base do GTA, segundo informou o piloto Onildo Sampaio. Ao chegar à capital, mãe e filha foram transferidas pela ambulância da SES para a Maternidade Estadual Marly Sarney, onde foram recebidas pela equipe de neonatal.
Na manhã desta quinta-feira (9), todos que participaram do parto visitaram a maternidade para rever Maria e Vitória. O tenente-coronel Reis, chefe da sessão de resgate do GTA, explicou que a parceria entre GTA e Equipe Aeromédica da SES já resultou em 48 atendimentos bem sucedidos somente neste semestre. “O governo Flávio Dino tem dado muita importância ao nosso trabalho e sinalizado apoio ao GTA, com investimento tanto no serviço aéreo policial, quanto no serviço de resgate. Graças a esse novo momento, existe essa parceria com a SES, resultando no salvamento de muitas de vidas”, afirmou o tenente-coronel, visivelmente comovido com o caso.
O diretor administrativo da maternidade Marly Sarney, André Oliveira, disse que apesar da maternidade receber inúmeros casos de bebês que conseguem sobreviver, este foi especial. “Estamos sempre prontos para receber e assistir quem precisa. É gratificante ver a equipe cuidando de um bebê que conseguiu vencer a luta pela vida”, pontuou.
Há 15 anos servindo a Polícia Militar e há nove na função de piloto do GTA, Onildo Sampaio ressaltou a gratidão que sente por ter conseguido ajudar em um momento tão delicado. “Juntamente com a equipe médica tomamos a decisão correta de prosseguir com o voo e realizar o parto no ar. As nossas chances de pouso eram restritas, por isso eles tiveram que fazer todo o procedimento no espaço do helicóptero, o que exigiu ainda mais atenção e preparo da equipe”, contou o piloto. A equipe de Neonatal da maternidade confirmou que mãe e filha passam bem e devem receber alta médica nas próximas 48 horas. Vitória para as duas.
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