Muito se fala sobre os efeitos de agrotóxicos em alimentos, mas pouco se discute o destino das embalagens vazias destes produtos. No Maranhão, a Agência Estadual de Defesa Agropecuária (Aged) desenvolve ações para que a destinação desses resíduos seja feita sem danos ao meio ambiente. Um exemplo são as fiscalizações semanais realizadas pelos agrônomos Eugênio Pires e Diego Sampaio, na Central de Recebimento de Embalagens Vazias de Produtos Fitossanitários de Balsas.
Na última operação para inspeção da Central de Balsas, que atende a região do sul do Maranhão e parte do Piauí e Tocantins, na quarta-feira (21), os agrônomos da Aged confirmaram a retirada de 510.191,80 kg de embalagens vazias e resíduos de agrotóxicos para destinação final ambientalmente adequada de janeiro a abril deste ano. Destas, mais de 80 mil kg eram de plástico misto, considerado contaminado (não lavável).
“A retirada desse material, de forma bem direta, significa dar um destino correto, via reciclagem ou incineração, a um material que possui um altíssimo poder de contaminação ambiental, relacionada com contaminação do solo, subsolo, dos lençóis freáticos, e de intoxicação de seres vivos”, defende o diretor de Defesa e Inspeção Vegetal da Aged, Roberval Raposo Júnior.
De acordo com legislação brasileira (Lei no. 9.974/2000), a indústria fabricante de defensivos agrícolas é responsável por promover a coleta e a destinação final das embalagens às recicladoras ou incineradoras. Isso acontece depois que o agricultor cumpre o seu papel de devolver a embalagem em uma Central ou Posto de Recebimento.
“Nós, do poder público somos, responsáveis por fiscalizar o funcionamento do sistema de destinação final das embalagens vazias de produtos fitossanitários, além de apoiar os agricultores e conscientizá-los quanto às suas responsabilidades dentro do processo”, esclarece o chefe da Unidade Regional Balsas da Aged, Eugênio Pires.
Recebimento Itinerante
Atualmente, existem mais de 400 unidades de recebimento de embalagens vazias de produtos fitossanitários no Brasil, mas apenas quatro destas estão localizadas no Maranhão: duas Centrais de Recebimento em funcionamento, em Balsas e Imperatriz; uma Central aguardando licenciamento ambiental, em situadas no Alto Parnaíba, e um Posto de Recebimento em Anapurus.
“Estas unidades não atendem a demanda que existe, atualmente, no estado. Mas duas outras estão em fase inicial de criação. Então, conseguindo implantar mais essas duas unidades e conseguindo organizar todos os elos que participam do Recebimento Itinerante, vamos ter a demanda bem atendida”, avalia Roberval Raposo Júnior.
O Recebimento Itinerante é um sistema, criado pelo Instituto Nacional de Recebimento de Embalagens Vazias (inpEV), em que se escolhe um dia para que agricultores de povoados distantes possam reunir suas embalagens vazias e, diversos órgãos parceiros, se responsabilizam pelo transporte até uma unidade de recebimento. Em Balsas, o próximo Dia D de Recebimento acontece no povoado Rio Coco, na terça-feira (27).
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