Representantes da Secretaria de Indústria e Comércio (Seinc) e da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema) estiveram nas instalações da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), com o objetivo de conhecer o trabalho do Laboratório de Macromoléculas e Produtos Naturais, com destaque ao desenvolvimento do inseticida e repelente à base de produtos naturais de eficácia comprovada no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor de três doenças e, atualmente, um dos maiores inimigos da saúde pública no Brasil e no mundo.
O produto, que consiste no extrato da folha do Nim, foi desenvolvido por um grupo de pesquisadores da Universidade que, inclusive, já está patenteado, e será uma importante ferramenta no combate à dengue. As pesquisadoras da Uema apresentaram os resultados dos projetos de Pesquisa do Mel, de Geoprópolis da Abelha Tiúba e do Óleo do Coco Babaçu.
O secretário de Indústria e Comércio, Simplício Araújo, ressaltou a importância do trabalho realizado pela equipe de cientistas e disse ser necessário encontrar uma empresa do país que se interesse pela implementação do produto. “Há um grande interesse do Governo do Estado de valorizar as patentes dos pesquisadores do Estado do Maranhão, não apenas da Uema, mas também da UFMA e do IFMA. Nossa intenção é fazer com que a indústria maranhense e nordestina possa vislumbrar a possibilidade de implementar esses produtos em âmbito de mercado, especialmente o do Nim”, declarou.
Para o secretário, é importante realizar uma feira de patentes – e, para isso, já convidou a Fapema –, visando apresentar os registros de patentes no Maranhão. Segundo ele, é fundamental promover a aproximação da indústria da academia. “Nós temos dois produtos que vamos trabalhar com prioridade, que é o Inseticida, extraído do Nim, e o Mel de Tiúba, uma pesquisa da professora Célia Pires, um potencial excelente que podemos estar introduzindo no mercado em breve”, concluiu o secretário.
Com relação aos estudos do Nim, a professora Célia Pires explica que no Brasil e, especialmente, no Maranhão, o Aedes aegypti encontra-se disseminado em todas as regiões e a insuficiência no controle do vetor tem aumentado o número de caos de dengue, febre chikungunya e zika vírus, que se alastram a cada dia, causando severos prejuízos à saúde pública. Ela ainda relata que o combate a essas doenças provocadas pelo mosquito vem causando o uso indiscriminado de inseticidas organofosforados, como o Temefós e o Malation, comprovadamente tóxicos ao homem.
O pedido de Patente de Invenção, intitulado “Processo de Preparo e Aplicação de Compostos Inseticidas obtidos a partir do Extrato Hidroalcoólico das Folhas do Nim para eliminação de ovos e larvas do Aedes aegypti”, registrado sob o nºPI1003892-2 A2, de 29 de outubro de 2010, tem a UEMA como depositante e, como inventores, os professores Adriana Leandro Camara, Maria Célia Pires Costa, Mamede Chaves e Silva e a Paula Eillany Silva Marinho.
Do acordo com o professor Alex Oliveira, a contribuição da Fapema nesse processo é o incentivo, por meio do financiamento desses projetos. “Nossa principal meta é chegar às indústrias. Temos um produto patenteado e gostaríamos que ele fosse industrializado e amplamente comercializado no país, principalmente este inseticida extraído do Nim, capaz de matar 100% dos ovos do Aedes aegypti desde que corretamente aplicado”, disse.
Os produtos desenvolvidos na Uema à base da planta Nim apresentam componentes naturais bastante acessíveis, podendo contribuir para combater o avanço da dengue e de outras viroses, pela eliminação do Aedes aegypti. Deles, foram produzidos compostos inseticidas com concentrações de 25% e 20%, capazes de inibir 100% da eclosão dos ovos, e 98,43% das larvas, não tendo sido observado nenhum efeito tóxico em trabalhos realizados com cobaias.
Participaram do encontro, além de técnicos da Seinc e Fapema, o vice-reitor Walter Canales; a diretora do Centro de Educação, Ciências Exatas e Naturais (CECEN), Ana Lúcia Duarte, e as pesquisadoras Maria Célia Pires Costa (Uema), Adriana Câmara (UFMA) e Maria do Carmo Barbosa (UFMA).
Publicado em Geral na Edição Nº 15534
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