José de Ribamar Barbosa Belo, presidente do CTINFRA da FIEMA defendeu a inclusão do MA na aplicação da reciprocidade a ser oferecida pela VALE na ANTT em Brasília na última segunda-feira

Brasília - O presidente do Conselho Temático de Infraestrutura e Obras (CTINFRA) da FIEMA, José de Ribamar Barbosa Belo, e o superintendente da FIEMA, Albertino Leal, participaram, na última segunda (17), da terceira sessão presencial da Audiência Pública nº 009/2018, que teve como objetivo colher subsídios para o aprimoramento dos estudos sobre a prorrogação do prazo de vigência contratual da concessão da Estrada de Ferro Carajás (EFC), sob a responsabilidade da concessionária Vale.
A sessão pública aconteceu no auditório Eliseu Resende do edifício sede da Agência Nacional de Transporte Terrestre-ANTT, em Brasília, e reuniu diversas entidades da sociedade civil de diversos estados, impactados pela Estrada de Ferro Carajás.
Por meio da Medida Provisória 845/2018, o governo federal institui o Fundo Nacional de Desenvolvimento Ferroviário - FNDF. A ideia do governo é recorrer à iniciativa privada para construção de ferrovias consideradas estratégicas e as empresas terão contratos de concessão de linhas férreas renovados por mais trinta anos.
Dos projetos considerados prioritários, especialmente pelos produtores e governo mato-grossense, destaca-se a construção da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO), de 383 km, ligando Água Boa (MT) ao entroncamento com a Ferrovia Norte-Sul em Camponorte (GO).
Umas das propostas especialmente dos produtores e do governo mato-grossense, a FICO seria construída pela mineradora Vale com recursos oriundos das concessões da Estrada de Ferro Carajás, que liga Maranhão e Pará, e da ferrovia Vitória-Minas, concessões estas que vigorariam até 2057.
A Estrada de Ferro Carajás possui uma extensão de 892 km. Deste total, 696,8 km, ou seja, 78,11% encontram-se no Maranhão que passa por 23 municípios, onde habitam mais de 1.872.959 pessoas, o equivale a 27,1% do efetivo total do Maranhão (IBGE, 2018). Este trecho é também conhecido como Corredor Norte da Estrada de Ferro Carajás no Maranhão.
A presença da FIEMA na audiência foi importante para defender que eventuais valores da compensação, sejam investidos no Maranhão pelos novos 30 anos de impactos provocados sobre o meio ambiente maranhense e sobre cerca da 1/3 da população estadual que mora ao longo do Corredor da Estrada de Ferro Carajás, modal de escoamento dos minérios de ferro de Carajás até o Porto da Madeira, em São Luís.
"Há que considerar-se, que os recursos da compensação pela desestatização da Companhia Vale do Rio Doce, definidos em 1997, não foram suficientemente aplicados nos municípios maranhenses do Corredor, decorrido mais de 20 anos. O padrão de desenvolvimento e a qualidade de vida na grande maioria dos municípios poderiam ter sido melhorados com a aplicação, se os recursos não tivessem sido retidos. A FIEMA, no exercício do seu papel de defesa de interesse do empresariado industrial maranhense, não aceita que investimentos, a título de compensação financeira pela prorrogação da concessão da EFC até 2057, sejam implantados somente fora do território do Maranhão, não levando em consideração que 1/3 de sua população continuará sendo impactada pela movimentação intensa e pesada dos trens da Estrada de Ferro Carajás e os danos ambientais que provoca", destacou o presidente do CTINFRA e vice-presidente da FIEMA, José de Ribamar Barbosa Belo, que protocolou junto a Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT, ofício da FIEMA, solicitando sua intervenção no sentido de que o Maranhão seja beneficiado com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Ferroviário.
A título de compensação financeira da exploração da Estrada de Ferro Carajás por mais três décadas, com a realização de investimentos dentro do território maranhense, a FIEMA pleiteou na ANTT a construção do ramal ferroviário no trecho Porto Franco-Balsas, no Maranhão, (trecho da EF-232 - ramal de ligação Eliseu Martins (PI) - Balsas (MA) - Porto Franco (MA), entroncamento com a ferrovia Norte Sul (EF-151), com base em estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental, elaborado pelo Consórcio OIKOS/TRANSPLAN/CONSEGV, sob contratação da VALEC.
Este trecho possui uma extensão de 200 km a ser construído em bitola larga, ligando Balsas (MA) a Porto Franco (MA), na Ferrovia Norte-Sul. A partir de Porto Franco toda a produção originária do sul maranhense e do Piauí seguiria na direção de Açailândia (MA) e, daí em diante, pela Estrada de Ferro Carajás até o Porto de Itaqui, em São Luís (MA).